Em 2017, ficaram por realizar 233.228 consultas de oftalmologia em Portugal. O número é superior (29%) ao do ano anterior, refere a Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, um documento que traça o estado atual da rede pública de saúde da visão, consultado pelo jornal Público.

Segundo o mesmo estudo, apesar de até terem sido dadas mais consultas em 2017 do que em 2016, a lista de espera cresceu e o tempo médio que os utentes tinham de aguardar até subiu para a oftamologia, para 108,2 dias. Em alguns estabelecimentos hospitalares, contudo, o tempo de espera chegou a ser bem superior: no Centro Hospitalar do Oeste chegou aos 784 dias e no Centro Hospitalar Barreiro-Montijo aos 510, exemplifica o Público. Uma situação que os autores do documento consideram ser inaceitável.

O problema não é novo, como aponta a Estratégia Nacional para a Saúde da Visão: “Os serviços de oftalmologia dos hospitais públicos estão há muitos anos no limite da capacidade assistencial”, refere o documento, apontando como principal causa as “insuficiências crónicas” da rede nacional de saúde e alertando para o facto de esta realidade poder vir a agravar-se no futuro devido ao envelhecimento da população (que faz aumentar a prevalência de várias doenças que afetam a visão) e ao aumento da diabetes.

De acordo com a Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, os recusos humanos na área da oftamologia não são suficientes para dar resposta às necessidades existentes. É que, apesar de Portugal ter mais de mil oftamologistas inscritos na Ordem dos Médicos, apenas 44% trabalham no Serviço Nacional de Saúde. Isto significa que, segundo as contas dos especialistas, faltam 114 especialistas e ainda 80 a 90 ortoptistas (técnicos superiores de saúde). De modo a aliviar o grande volume de consultas nos hospitais, os autores do estudo sugerem equipar cada agrupamento de centros de saúde com um gabinete de consulta de oftamologista.

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