As associações sócio-profissionais de militares consideraram hoje compreensíveis as razões na base de um protesto que divulgaram estar a ser convocado para quarta-feira à hora do almoço nas unidades militares do país.

Em comunicado divulgado hoje, a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) referiu ter tomado conhecimento de uma iniciativa prevista para quarta-feira nas unidades, que consiste em os militares faltarem ao almoço para discutirem a questão das progressões remuneratórias, na sequência do descongelamento das carreiras na administração pública.

De acordo com o presidente da AOFA, António Mota, o protesto é convocado através de um “panfleto” assinado por “militares unidos” não identificados e que tem chegado às caixas de correio eletrónico da associação nos últimos dias. A AOFA “compreende a iniciativa em causa” por “entender que as reivindicações sobre as questões do descongelamento das carreiras são inteiramente justas”, refere aquela associação sócio-profissional, em comunicado.

“Nas fileiras o descontentamento e a desmotivação são bem patentes e só não vê nem sabe o que se passa, quem teima em não ver ou não querer saber”, alertou a AOFA.

“A política de fuga ao diálogo nunca serviu para resolver problemas mas para os avolumar, provocando tensões e mal-estar”, advertiu por seu lado, a Associação Nacional de Sargentos (ANS), em comunicado, referindo-se à mesma iniciativa. Esta associação também afirma “compreender o apelo para a ausência dos militares ao almoço e à participação em reuniões de reflexão” nas unidades militares face à “ausência de respostas por parte do governo”.

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No passado mês de março, a ANS e associações de forças de segurança e militares decidiram pedir a intervenção do Presidente da República no processo de negociação das valorizações remuneratórias e sobre a forma de contagem do tempo de serviço na sequência do descongelamento das carreiras.

As associações reclamam que seja contado o tempo entre de 01 de janeiro de 2010 e 31 de janeiro de 2017 para que as remunerações fiquem nos escalões que “deviam estar caso não tivesse havido congelamento”, disse na altura o presidente da ANS, Mário Ramos.

No comunicado divulgado hoje, a ANS refere estar “disponível” para “chegar a uma solução relativamente ao prazo e ao modo como se vai considerar todo esse tempo e as respetivas implicações administrativas e financeiras”.

Em abril, o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, afirmou que a forma de contagem de tempo para a progressão das carreiras especiais, nas quais se integram as dos militares, será definida através de uma “norma comum”.

Marcos Perestrello disse que o Ministério da Defesa está a seguir o processo conforme o Orçamento do Estado para 2018 o prevê, ou seja, que a forma de contagem de tempo para as carreiras especiais será definida através de uma negociação com as estruturas sindicais.