Frederico Varandas, antigo diretor clínico do Sporting, anunciou esta terça-feira a intenção de avançar com uma candidatura às eleições do clube. João Benedito, como o Observador já tinha referido e faz esta quarta-feira capa dos jornais desportivos, irá também manifestar nos próximos dias (em princípio na próxima semana) esse mesmo desejo de concorrer no próximo sufrágio. Perante este cenário, qual é o espaço que resta para outras listas, no sentido de entrar com parte do eleitorado definida para depois ir crescendo para outras franjas? No mínimo, e olhando para a realidade, parece reduzido.
Comecemos pelo que já existe. E pelo primeiro a entrar nesta corrida, ainda mesmo de saber-se que haveria mesmo corrida. Após o anúncio da demissão do cargo que exercia nos leões, o médico anunciou, nesse mesmo dia e comunicado, que estaria disponível para entrar numa solução para o futuro do clube. Com o passar do tempo, foi tendo variadas intervenções reagindo ao que se passava no Sporting (em algumas semanas, numa cadência quase diária porque a atualidade verde e branca rumava a essa mesma velocidade) e, no dia da Assembleia Geral Extraordinária, mesmo desconhecendo ainda o resultado da proposta de destituição do Conselho Diretivo, destacou o seu propósito: eleições no clube. Esta terça-feira, assumiu estar na corrida.
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No início, o timing escolhido por Varandas causou alguma estranheza, mas o tempo acabou por dar razão ao médico e à equipa que com ele trabalha desde maio: percebeu que a saída de Bruno de Carvalho (nem que fosse “à força”) era inevitável, marcou terreno e teve uma apresentação que, ainda sem grandes novidades a não ser o responsável pela pasta financeira caso seja eleito (Francisco Salgado Zenha, vice-presidente do banco Barclays, em Madrid), definiu muito do caminho que irá percorrer: 1) um discurso mais equilibrado que promova um regresso dos valores do clube; 2) total enfoque na necessidade de haver um outro clima em torno do Sporting, de maior acalmia e união para ultrapassar a conturbada fase; 3) a apresentação de nomes como Eduardo Barroso e Daniel Sampaio, convictos apoiantes de Bruno de Carvalho em 2011, 2013 e 2017, na sua Comissão de Honra (algo que, em termos “políticos”, tem tanto ou mais peso do que o ex-treinador Jorge Jesus, por exemplo). Há mais questões a ser preparadas, como a possibilidade ou não de Rogério Alves entrar nas listas na Assembleia Geral ou a contratação do ex-campeão Hugo Viana para o setor do futebol, mas para já apresentou-se e espera agora pelos nomes que terá pela frente.
Um deles será João Benedito. O gestor, antigo jogador, capitão e campeão do futsal do Sporting ao longo de duas décadas, sempre foi um nome indicado como possível candidato à presidência do clube, mas manteve a reserva até nas intervenções públicas que foi tendo. Ia aos jogos, no futebol ou nas modalidades, participava nas Assembleia Gerais mas raramente falava a jornalistas, tendo apenas aberto uma exceção após uma reunião de Bruno de Carvalho com o Grupo Stromp numa unidade hoteleira de Lisboa e para condenar os atos que tinham acontecido na Academia, apelando à expulsão de sócios de todos os elementos ao mesmo tempo que ia pedindo um clima de maior paz e serenidade à volta da atualidade leonina.
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Como o Observador já tinha avançado, na altura quando foi notícia um almoço que o ex-internacional teve com o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral, Rogério Alves, Benedito tem há muito um núcleo duro com quem vai discutindo o Sporting e o melhor caminho em termos futuros para o clube. É desse mesmo grupo que sairá a base da lista que irá apresentar nas eleições, que contará com outras figuras ligadas ao desporto como Ricardo Andorinho, antigo campeão pelos leões que passou depois para a Federação Portuguesa de Andebol, ou Pedro Miguel Moura, ex-campeão também pelo clube que é hoje presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa. Pedro Baltazar, nome que foi associado a uma futura liderança da SAD verde e branca, não fará parte desta equipa, ao contrário do que foi veiculado. Também aqui, há um eleitorado definido, de “centro” se assim podemos dizer, com pessoas mais próximas da realidade do clube, das modalidades e até dos próprios Núcleos que veem no antigo guarda-redes um nome interessante para dar continuidade à dinâmica criada nos últimos anos.
Entre um e outro, haverá sempre um ponto em comum em termos de discursos: destacar o que foi feito de positivo na era Bruno de Carvalho no clube, nomeadamente a reaproximação dos sportinguistas ao clube, o enorme salto qualitativo das modalidades e o aumento exponencial de associados e espetadores nos recintos (incluindo o novo Pavilhão João Rocha), explicando depois que não teve continuidade por um estilo de liderança que se perdeu em erros próprios. A partir daí, e tendo em conta as semelhanças entre ambos, serão os nomes, os projetos e a capacidade de mobilização a fazer a diferença, o que deixará, em paralelo, pouca margem de manobra para os outros movimentos que tentam também encontrar um candidato.
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Olhando para as outras possibilidades que se podem levantar e cruzando com o eleitorado verde e branco, existem três hipóteses em aberto: 1) surgir alguém de uma ala mais “conservadora”, que possa visar os sócios de maior antiguidade com a bandeira de haver necessidade de alguém com outra experiência neste período particularmente dedicado da história do clube mas que tem sempre como grande handicap a pouca margem de crescimento porque cada vez mais começa a ser a geração com oito, nove, dez e 11 votos a decidir escrutínios; 2) tendo em conta que a margem para Bruno de Carvalho poder candidatar-se é nula, tendo em conta a mais do que provável inibição de que será alvo pela Comissão de Fiscalização, aparecer uma figura que possa arrebatar esse eleitorado (que na Assembleia Geral foi equivalente a 30%, valor que entretanto deve ter descido com o que se passou nos últimos dias), com o revés de não ter também grande forma de se multiplicar; 3) ser lançada uma figura que possa colocar-se entre Varandas e Benedito como cara de uma nova geração mais ligada aos setores financeiros e da sociedade em geral sem ter tanta ligação com a vertente desportiva, com o problema inerente de saber que entra para um terreno que já começou antes a ser delimitado por outros dois candidatos.
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Tomás Froes, João Viegas Soares e Paulo Lopo foram três nomes já falados, Miguel Poiares Maduro recusou essa possibilidade, Artur Torres Pereira e Sousa Cintra já foram desafiados para entrarem numa futura corrida. Certo é que, à semelhança do que aconteceu em 2011, onde foram a votos Godinho Lopes, Bruno de Carvalho, Dias Ferreira, Pedro Baltazar e Sérgio Abrantes Mendes, surge como cenário provável o aumento do número de candidatos em relação aos dois de 2017 (Bruno de Carvalho e Pedro Madeira Rodrigues) e aos três de 2013 (Bruno de Carvalho, José Couceiro e Carlos Severino). E ainda agora a corrida começou.