(Artigo publicado originalmente a 6 de julho de 2018)
A taxa de sucesso na colocação foi de 89,1% e 43 992 alunos conseguiram garantir lugar nas universidades e politécnicos do país. De fora, ficaram 7290 estudantes que ainda podem concorrer à 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior de 2018. Agora que já são conhecidos os resultados, confira se fez uma boa escolha, olhando para as taxas de empregabilidade de cada um dos cursos.
Comecemos pelo fundo da tabela. O curso de Arquitectura da Universidade de Évora teve a maior taxa de desemprego entre os alunos diplomados no ano letivo de 2015/2016. Este é um dos muitos dados disponíveis no portal Infocursos, disponível desde a meia-noite de sexta-feira, 6 de julho, “no sentido de contribuir para apoiar as escolhas no acesso ao Ensino Superior”, explica o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em comunicado.
Seguem-se cursos de Comunicação Multimédia e de Educação Ambiental, todos ministrados em universidades públicas. Do outro lado da tabela, entre os 31 cursos com desemprego zero, os mais expressivos são os diversos cursos de Medicina e de Engenharia.
Quais são, então, os cursos superiores com maior taxa de desemprego? À cabeça, aparece Arquitetura, na Universidade de Évora, com uma taxa de desemprego na ordem dos 30,3%. Dos 33 diplomados daquela universidade pública, 10 estavam registados em 2017 como desempregados no IEFP — Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Para chegar a estes números, fez-se o rácio entre os recém-diplomados do curso registados como desempregados versus o número total de diplomados.
O problema do desemprego poderá não estar no curso em si. Do outro lado da tabela, entre os que apresentam taxa de desemprego zero, surgem dois cursos de Arquitetura, um da Universidade Lusíada Norte e outro da Escola Superior Gallaecia, ambas instituições privadas. Ali, o número total de diplomados está, respectivamente, nos 31 e nos 83.
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Em segundo lugar da tabela, aparece um curso de outra instituição pública, Comunicação Multimédia, do Instituto Politécnico da Guarda. Também aqui a taxa de desemprego é expressiva (22,1%) e, dos 61 diplomados, 13 não tinham encontrado emprego no espaço de um ano.
Antes de surgir uma universidade privada, aparece mais um politécnico. Com 22% de diplomados desempregados (9 em 43), o curso de Educação Ambiental da Escola Superior de Educação de Bragança fica em terceiro lugar.
A primeira escola privada a surgir no ranking dos cursos com maior taxa de desemprego é a Escola Superior Artística do Porto. No seu curso de Arquitetura, só 97 dos seus 124 recém-diplomados conseguiram lugar no mercado de trabalho, o que lhe confere uma taxa de 21,7%.
O 5.º lugar é para mais um curso de Arquitetura, desta vez da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Taxa de diplomados sem emprego? Os mesmos 21,7% do curso anterior: 15 em 69 alunos não estavam a trabalhar.
Para os próximos três lugares da tabela, o desemprego continua acima dos 20%. O sexto e o sétimo lugares são para o mesmo curso, Serviço Social, na Lusófona do Porto e na Universidade de Trás-os-Montes, e o oitavo lugar vai para a Universidade Fernando Pessoa e o seu curso de Criminologia. É também esta instituição privada que fica no penúltimo lugar do ranking 10: o curso é o de Ciências da Comunicação, a taxa de desemprego é de 19%.
O décimo lugar da tabela é para uma entidade pública: o Instituto Politécnico da Guarda, com o curso de Turismo e Lazer — 6 em 32 diplomados, o que corresponde a uma taxa de 18,7%.
Cursos com maior empregabilidade
Há 31 cursos no país com taxa de desemprego zero, ou seja, que no ano seguinte à conclusão do curso não tinham nenhum dos seus diplomados registados no IEFP como desempregados. O mesmo não quer dizer que os restantes estivessem a trabalhar na sua área de formação, já que as únicas estatísticas que existem são para quem não consegue encontrar emprego.
Há ainda uma ressalva a fazer: estudantes que tenham emigrado, e que estejam desempregados no estrangeiro, ou que simplesmente não se tenham inscrito no IEFP, estão fora das estatísticas disponíveis. Entre estes 31 cursos, uma dezena são ministrados em universidades privadas.
Medicina é o curso que tem maior expressão nesta tabela. Há seis cursos diferentes, todos de instituições públicas: Universidade de Lisboa, Nova de Lisboa, Coimbra, Porto, Beira Interior e Minho. Seguem-se quatro cursos distintos de Engenharia: o de Materiais e o de Micro e Nanotecnologias (ambos na Universidade Nova de Lisboa); Engenharia Física na Universidade do Porto; e Engenharia Informática na Universidade de Aveiro. Mais uma vez todos são estabelecimentos de ensino públicos.
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Empatados com três cursos cada, surgem Enfermagem, Música e Teologia. Estes últimos são todos ministrados na Universidade Católica, mas em zonas diferentes do país: Lisboa, Porto e Braga. Os de Música, que têm variantes diferentes, são oferecidos pelo Instituto Politécnico de Lisboa.
Já os de Enfermagem aparecem em três estabelecimentos diferentes: Instituto Politécnico de Setúbal, Escola Superior de Saúde Egas Moniz, Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa.
Com desemprego zero, aparecem ainda dois cursos de Arquitetura, ambos de universidades privadas e ambos no norte do país: a Universidade Lusíada Norte e a Escola Superior Gallaecia.
Com representação singular, aparecem Ciências do Mar na Universidade de Aveiro, Economia e Psicologia na Católica, Educação Básica no Instituto Superior de Ciências Educativas do Douro, Estudos Comparatistas, Matemática e o curso de Meteorologia, Oceanografia e Geofísica na Universidade de Lisboa. Por último, Ortóptica no Instituto Politécnico do Porto e Tradução e Interpretação: Português/Chinês — Chinês/Português no Instituto Politécnico de Leiria.
Esta não é a única informação que se pode encontrar no portal Infocursos. Depois de escolher o botão de pesquisa, é possível escolher a universidade sobre a qual se pretende ter informação. Em seguida, pode-se selecionar a faculdade e ainda o curso específico. A partir daí, surgem no ecrã uma série de dados dos quais a taxa de empregabilidade é apenas a ponta do icebergue.