Luis Enrique é o novo selecionador de Espanha, confirmou esta segunda-feira o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, dizendo aos jornalistas que se tratou de “uma decisão unânime”. Depois de a imprensa espanhola ter avançado vários nomes nos últimos dias – Míchel, Quique Flores, Roberto Martínez, Albert Celades ou Pepe Mel –, o antigo médio acabou por ser o escolhido para suceder a Fernando Hierro no comando técnico da La Roja. Hierro, ex-diretor desportivo da Federação, tinha assumido o cargo dois dias antes da primeira jornada do Mundial 2018, depois de Rubiales ter demitido Lopetegui quando o Real Madrid anunciou a contratação do antigo treinador do FC Porto.

Depois das fracas prestações da seleção espanhola nas três últimas grandes competições (eliminada na fase de grupos do Mundial de 2014, afastada nos oitavos de final do Europeu de 2016 e derrotada também nos oitavos neste Mundial), Luis Enrique vai tentar devolver a glória ao país que dominou o futebol entre 2008 e 2012, com dois Europeus e um Mundial.

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Terceiro jogador a fazer a viagem de Madrid para Barcelona

Jogou no Sporting Gijón entre 1989 e 1991, ano em que o Real Madrid pagou por ele um milhão e meio de euros (250 milhões de pesetas, na altura). Esteve cinco épocas nos merenguesonde participou em 213 partidas. Em 1996 trocou o Santiago Bernabéu pelo Camp Nou e tornou-se no terceiro jogador a trocar o Real Madrid pelo Barcelona, a seguir a Josep Canal e Lucien Muller.

Foi por lá que ficou durante oito temporadas, até terminar a carreira. O homem que tinha jogado no Real Madrid tornou-se num ídolo dos adeptos culés e em 2008 foi o clube da Catalunha que lhe abriu as portas para começar a carreira de treinador.

Enquanto jogador representou o Sporting Gijón, o Real Madrid e o Barcelona. Chegou ao Camp Nou em 1996 e por lá ficou durante oito épocas, até terminar a carreira. (Allsport UK /Allsport)

Esteve três anos no comando da formação B e em 2011 assinou pela Roma, estando apenas um ano no comando da equipa. Em 2013 vinculou-se ao Celta de Vigo e um ano depois voltou à casa de partida, o Barcelona, para orientar a equipa principal. Foi aqui que conseguiu o estatuto de ganhador, um dos motivos que terão levado Luis Rubiales a avançar agora para a sua contratação. Foram dois Campeonatos, três Taças do Rei, uma Supertaça Espanhola, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia e um Campeonato do Mundo de Clubes. Tudo isto em três épocas, onde foi ainda ainda eleito o Melhor Treinador do Ano em 2015 pela FIFA.

Tassoti. Da revolta nos EUA às pazes em Itália

O jogo dos quartos de final do Mundial 1994 terminou com a vitória da Itália sobre a Espanha por 2-1, mas a partida podia ter tido outro destino no último minuto. Num lance dentro da área, o defesa italiano Mauro Tassotti atingiu Luis Enrique na cara. O então médio espanhol sangrou de forma abundante, mas o árbitro, Sándor Puhl, nada assinalou. Numa entrevista à agência EFE, o fisioterapeuta que assistiu Luis Enrique disse que o jogador “queria matar o árbitro e Tassoti”.

Quando Luis Enrique treinou a Roma na época 2011/2012, Tassoti era adjunto de Massimiliano Allegri no AC Milan. Os dois fizeram as pazes com um aperto de mão antes de um jogo entre as duas equipas no Estádio Olímpico de Roma.

O corredor, o trepador e a eleição de Pelé

O novo timoneiro da La Roja foi jogador mas também gosta de correr e de fazer ciclismo. Em 2007, completou os 42 quilómetros e 195 metros da maratona de Florença em 2:57:58 horas. Para fazer uma comparação, o atual recorde do mundo está em 2:02:57 horas, estabelecido pelo queniano Denis Kimetto na maratona de Berlim em 2014. Em 2013, no verão imediatamente antes de assumir o comando do Celta de Vigo, pegou na bicicleta e percorreu três das subidas mais duras das Dolomitas – Stelvio, Mortirolo e Gavia – uma cadeia montanhosa nos Alpes italianos.

E porque o reconhecimento também é importante, em 2005 Pelé elaborou uma lista dos 100 melhores futebolistas do século XX e Luis Enrique foi um dos nomes escolhidos pelo astro brasileiro.

Mas há outros pontos destacados pela Marca que fazem do selecionador espanhol uma figura à parte no futebol (e que não tem a ver com os vários choques que foi tendo com a imprensa durante a carreira): tem o hábito de ver alguns treinos numa estrutura mais elevada para ter outra perceção do que se passa, usa óculos escuros por causa de uma lesão ocular e já fez também uma prova de Ironman em Frankfurt, cumprindo 3,86 quilómetros de natação, 180 de bicicleta e o equivalente a uma maratona a correr em 10 horas e 19 minutos.