Bruno de Carvalho não terá propriamente escolhido o melhor timing para anunciar a candidatura às próximas eleições do Sporting, num dia e à hora em que se jogava a segunda meia-final do Campeonato do Mundo e muitos olhos colados ao emocionante Croácia-Inglaterra. E à exceção de alguns posts, até mais em resposta à antiga líder da Mesa Transitória da Assembleia Geral (órgão que pouco depois seria declarado ilegal, com Elsa Tiago Judas a ser também suspensa de sócia), teve uma primeira semana discreta em termos de “campanha”. Esta noite, com uma entrevista na SIC Notícias, o antigo presidente verde e branco deu o pontapé de saída para quatro dias com agenda cheia com jantares, sessões de esclarecimento ou visitas a Núcleos em 12 locais diferentes até domingo (Assembleia da República, em Lisboa, Alcântara, Condeixa, Coimbra, Leiria, Batalha, Marinha Grande, Caldas da Rainha, Alcobaça, Nazaré, Peniche e Loures).

De forma indireta, o ex-número 1 leonino já tinha dominado de forma indireta o noticiário do clube num dia que deveria ser marcado pelo Sporting Talks, uma convenção realizada na Universidade Católica que contou com muitas figuras na discussão dos melhores caminhos para o futuro verde e branco: Pedro Proença, advogado e mandatário de lista, não conseguiu entregar as listas e assinaturas em Alvalade, ao passo que Jaime Marta Soares esclareceu que, enquanto continuar suspenso da condição de associado, não irá aceitar ou validar esse intuito.

Marta Soares recusa candidatura de Bruno de Carvalho, Pedro Proença fala em “ato ilegal”

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“Não estou suspenso de sócio porque essa coisa da suspensão preventiva não existe mas já percebi que deve estar decidido porque o antigo presidente da MAG já me chama de ex-sócio. Ou seja, nem eu nem os meus ex-colegas estamos suspensos de sócios. Somos associados de pleno direito como qualquer outro”, disse Bruno de Carvalho, prosseguindo: “O que ali está é o processo formal, não só a lista dos elementos que integram os órgãos sociais, o programa bem definido sobre o que se quer. Alguém ligou para os serviços, avisou que íamos lá e por coincidência Marta Soares estava a passear em Alvalade, porque falou e nem entrou lá… Mentir? Não quero adjetivar nada, as pessoas se quiserem que o façam. Os sportinguistas querem é paz, olhar para o futuro, ver as ideias que cada um dos candidatos defende e continuar um projeto vencedor, como em 2017/18 que foi o melhor de sempre”.

“O que os sócios não querem é ouvir coisas que se ouviram hoje como desinvestir nas modalidades, perderem a maioria do capital social da SAD… As listas não foram entregues mas isto é um Estado de Direito. Se tenho dúvidas que vou a votos no dia 8 de setembro? Nenhuma!”, garantiu. “Há um processo disciplinar a decorrer com base em regulamentos que não estavam em vigor… Os sportinguistas querem um Sporting que consiga viver num clima de paz. A Comissão de Fiscalização representa o contrário dos estatutos e da lei porque não é isenta, já tinham tido antes declarações contra mim e a minha Direção, muito desagradáveis. Só podiam ter recusado. Ou seja, está colocada de forma errada: não estão a defender os interesses do Sporting, estão a vingar-se”, acrescentou.

Bruno de Carvalho pretende fazer de Alvalade um estádio inteligente, entre as várias medidas defendidas no seu programa

“A lei não vai aceitar essa decisão, não sou eu que sou apenas um mero cidadão e o Sporting só tem a ganhar com isso, com estas candidaturas e que a partir de dia 9 esteja expressa a vontade dos sócios. Não pode ser como hoje, que se brincou com um conjunto de sócios para ficar à porta a dar entrevistas… Vou tentar explicar outra vez essa questão do processo: a Comissão de Fiscalização está errada logo à partida porque pelos estatutos deve ser isenta e não é; depois, começou com uns regulamentos que só há uns dias foram registados e neste caso não há retroativos. Vamos fazer no dia 8 mais uma festa da democracia com todos a poderem avançar e depois os sócios a escolherem. Sei que isto é uma vingança porque mexi em poderes instalados e agora querem vingar-se”, declarou.

“Nunca tinha havido um mandato com resultados financeiros positivos na SAD e no clube. Esta última época foi a melhor de sempre em termos desportivos, com os quatro Campeonatos das quatro modalidades de Pavilhão. Já vieram falar comigo, muita gente que me disse que queria que fosse a votos outra vez para ser legitimado mas pelo menos 30% das pessoas não quiseram a destituição na Assembleia Geral”, rematou.

O tempo do Bruno de Carvalho presidente acabou. O de sócio vai ficar suspenso. O de candidato, nunca se sabe

Mais tarde, Bruno de Carvalho falou também da saída da lista dos anteriores pares de Direção. “Acredito sempre na bondade e na vontade das pessoas contribuírem. Sei que há muito talento no Sporting, fiquei muito satisfeito por ter refeito a equipa. Estou focado na minha realidade, a pergunta da razão para terem saído é a eles que tem de ser feita. Agora estou mais protegido para trabalhar e para pensar, com uma equipa que tem mundo, não está desgastada e vai fazer com que seja tão voluntarioso, que se calhar levou a alguns erros que cometi, possa planear mais, gerir melhor e defender mais a minha imagem. Sei que não consegui fazer antes por esse voluntarismo”, explicou, antes de falar de Elsa Tiago Judas: “É uma não questão. A publicação é factual, ficou um sentimento de mágoa pelo que assisti. Não percebi o que era aquilo e comigo as coisas têm de ser muito claras”.

Elsa Tiago Judas explica afastamento de Bruno de Carvalho, a quem chama “aldrabão”

“Queremos um estádio mais inteligente, aproximar mais dos adeptos para ter mais associados, continuar a investir nas modalidades, fazer melhorias na Academia, construir dois laboratórios em Alvalade. Por isso, apelo a todos os sportinguistas que tudo o que saibam, seja do que for, que digam! Ao longo da campanha vou reforçar os projetos para o Sporting, para continuarmos no topo da cadeia desportiva, mas ao mesmo tempo que transmito as nossas ideias também vou dizer tudo o que sei em todos os adeptos porque quero transparência e verdade”, frisou sobre alguns dos pontos mais importantes apresentados para uma nova candidatura, considerando ser prematuro estar a falar da questão do treinador ou se continuará com José Peseiro porque “as pessoas estão a trabalhar”. “Regresso de Bruno Fernandes? Aquilo que o Sporting precisa é que as pessoas que estão a trabalhar que trabalhem e que neste período se discutam ideias e projetos e não o dia a dia do clube”, completou.

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“Vejo de Marta Soares um medo enorme porque não querem que seja outra vez presidente do Sporting e, depois, um espírito de vingança total. Hoje a boca fugiu-lhe para a verdade quando falou em ex-sócio… Já sabe da sentença, está a arranjar formas de embelezar… Ex aqui só há uma coisa, é ele como presidente da Mesa da Assembleia Geral. As pessoas não podem confundir providências cautelares, que pressupõe probabilidade e não verdade. O nosso problema é que muitas vezes o que parece é, somos assim… Os sportinguistas não merecem que um projeto que deu tantas alegrias fique assim. Hoje quando leio crise no Sporting e penso no que era em 2013, com ordenados em atraso, um PER a ser negociado, entidades a entrarem na SAD… Só espero que este caso da Academia seja resolvido o mais depressa possível porque esse caminho foi interrompido por esse crime”, concluiu.