O Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu aos bancos comerciais 31,5 milhões de euros por dia no primeiro semestre, período de estreia do novo regime flutuante cambial, com taxas de câmbio formadas nos leilões, uma quebra homóloga de 16%.

De acordo com dados do BNA compilados esta quinta-feira pela agência Lusa, entre janeiro e junho de 2018 os bancos comerciais compraram ao banco central praticamente 5.750 milhões de euros em leilões praticamente semanais de divisas, contrastando com os 6.837 milhões de euros do primeiro semestre de 2017.

Em 2018, o pico das vendas de divisas pelo BNA atingiu-se em maio, com 1.537 milhões de euros, e em junho, com 1.389 milhões de euros.

Destaca-se ainda a conclusão da generalidade das operações cambiais pendentes no sistema bancário a 31 de dezembro de 2017, com exceção das situações em regularização conforme calendário acordado com as entidades locais envolvidas”, sublinha a informação do banco central angolano.

Entre 9 de janeiro e 4 de julho, o kwanza angolano acumulou uma depreciação de praticamente 37% face ao euro, decorrendo da aplicação do regime flutuante cambial, em que as taxas de câmbio passaram a ser formadas em função das licitações feitas pelos bancos comerciais nestes leilões.

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Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, mas desde finais de 2014 que enfrenta uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade nas receitas petrolíferas, que por sua vez diminuiu fortemente a entrada de divisas no país.

O governador do BNA admitiu recentemente que a opção por um regime de câmbio flutuante “não traz apenas boas notícias” e “exige também alguns sacrifícios, quer a nível empresarial, quer a nível pessoal”.

Teremos o mercado a ditar o equilíbrio do preço da moeda, mas o mercado também tem as suas imperfeições e poderemos ter uma pressão sobre a moeda, por exemplo, por assimetria de informação entre os agentes económicos, por perceção menos assertiva de decisões de política ou até mesmo por sentimento de menor confiança na economia”, alertou José de Lima Massano, a 29 de junho.

No modelo cambial anterior, até 09 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.