A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai vender um dos dois bancos que tem em Cabo Verde, para diminuir a sua operação naquele país africano, disse esta sexta-feira o presidente executivo, Paulo Macedo. Em conferência de imprensa, em Lisboa, Paulo Macedo disse que foi acordado com a Comissão Europeia “alienar um dos dois bancos” que a CGD tem em Cabo Verde, adiantando que não está decidido qual será, isto é, se o Banco Interatlântico ou o Banco Comercial do Atlântico. Em ambos, a CGD tem uma participação maioritária.
O gestor disse ainda que o objetivo em relação a Cabo Verde é racionalizar a operação, ficar concentrada num só banco, “mais do que procurar um encaixe significativo”. “Mantemos uma presença forte em Cabo Verde”, afirmou. Na quinta-feira, o Governo anunciou que a CGD irá manter o banco que tem em França, mas que irá reduzir as operações em Cabo Verde e em Moçambique.
Sobre a operação em Moçambique, Paulo Macedo disse esta sexta-feira que o objetivo é reduzir a participação no banco BCI para os 51% que já teve no passado, indo para isso falar com o seu parceiro naquele banco, o BPI. Atualmente, a CGD tem mais de 60% e o banco BPI cerca de 35%. Sobre a venda das operações em Espanha e na África do Sul, que já estão em curso, disse que decorrem os prazos para serem apresentadas propostas vinculativas.
Em junho, foi conhecido que o Governo selecionou os bancos espanhóis Abanca Corporación Bancaria (presente em Portugal com a marca Abanca, depois de ter comprado a operação do Deutsche Bank), o Banco de Crédito Social Cooperativo (constituído em 2014 por 32 caixas de aforro regionais, as chamadas’cajas’) e o fundo de investimento norte-americano Cerberus European Investments para apresentarem propostas vinculativas para a compra do banco da CGD em Espanha.
Já na África do Sul, o Governo selecionou quatro entidades, das quais dois consórcios, à compra do Mercantile Bank. Sobre a venda da operação no Brasil, o presidente executivo da CGD disse que em breve será divulgado um calendário para a venda, mas também avisou que “haver calendário depende de haver procura”. A difícil situação económica e política do Brasil dificulta a alienação.
Quanto à sucursal de França (que tem 48 agências e mais de 500 trabalhadores), Macedo disse que ter conseguido que permanecesse aberta é o resultado de cinco meses de negociações e da boa execução do plano de reestruturação do banco público. Contudo, reafirmou que o banco em França tem de ser “rentável e sustentável”.
Questionado sobre se está prevista redução de trabalhadores em França, negou: “Não está prevista qualquer redução de pessoas, mas prevista a continuação do negócio”.