A conferência de imprensa marcada pela lista “Leais ao Sporting”, que servia sobretudo para apresentar Erik Kurgy na liderança de uma espécie de plano B às eleições do clube verde e branco, acabou por virar por completo o foco quando Bruno de Carvalho, presidente leonino destituído em Assembleia Geral, anunciou ter uma providência cautelar favorável que, em resumo, defende a obrigatoriedade dos responsáveis aceitarem a sua candidatura ao próximo sufrágio. Isso e apenas isso.

De acordo com as informações recolhidas pelo Observador, e como o próprio tinha reconhecido na passada quinta-feira, quando inaugurou a sede de campanha nos Restauradores, Bruno de Carvalho colocou uma série de providências cautelares em relação a tudo o que se tem passado. E, de acordo com o que anunciou esta manhã de segunda-feira, ganhou uma delas. O que pedia então? Que Jaime Marta Soares, líder da Mesa da Assembleia Geral, seja obrigado a aceitar a candidatura do antigo presidente do Sporting “à condição”, dos nomes indicados para as listas dos três órgãos às assinaturas que validam a mesma.

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“Hoje, aquele que estava eleito pelos sportinguistas, numas eleições onde 93% votaram em mim, está de volta. Isso vai obrigar a grandes estratégias. Era bom uma entrevista a perguntar a todos os candidatos, sobretudo a Ricciardi, Varandas e Madeira Rodrigues, qual será agora a sua estratégia. Será que vão continuar todos candidatos?”, comentou. “Não mintam aos sportinguistas, como podem ver estamos aqui de forma clara, é assim que nos apresentamos. Não há mentiras, não há nada escondido. Há aqui uma equipa pronta para resolver aquilo que tem sido feito ao Sporting. Vamos fazê-lo de cara limpa. É um dia fabuloso, hoje renasci um pouco porque posso novamente acreditar que a justiça tarda, mas não falha”, completou.

Ainda assim, esta providência cautelar aflorada agora tem apenas esse propósito, de fazer com que Marta Soares aceite as listas de Bruno de Carvalho antes de dia 8 de agosto, prazo final para a entrega das candidaturas; em curso existem outras que visam não só a legalidade da Assembleia Geral de 23 de junho e da Comissão de Gestão e Fiscalização nomeadas pelo presidente da Mesa mas também a legalidade da suspensão de um ano de associado de que foi alvo na semana passada. E foi por isso que o antigo líder do clube entre 2013 e 2018 explicou o porquê da colocação de Erik Kurgy como cabeça de lista.

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“Absolver da instância os requeridos Jaime Carlos Marta Soares e a Comissão de Fiscalização do Sporting (…); condenar o requerido Sporting Clube de Portugal a admitir a apresentação da candidatura integrada pelos requerentes, na qual é mandatário Pedro Proença; condenar o requerido Sporting Clube de Portugal no pagamento de sanção pecuniária compulsória, que se fixa, em cinco mil euros, por cada dia de atraso na admissão da apresentação da mesma candidatura”, resume a decisão da juíza Raquel alves, do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, a que a Lusa teve acesso.

“A candidatura liderada por mim prometeu aos sportinguistas apresentar-se a eleições na defesa da democracia e dos superiores interesses do Sporting. Foi tomada, como é público, uma decisão que sanaria essa impossibilidade ilegal: a retirada dos três elementos da candidatura ilegalmente suspensos. Mas hoje, para nosso gáudio, fez-se justiça e obtivemos, de uma providência cautelar colocada, a obrigatoriedade do Sporting de receber a nossa candidatura sob pena de crime de desobediência. A candidatura será entregue aos serviços, com a marcação formal a ser feita. Vamos calmamente, unidos e coesos, em torno de uma liderança de um projeto e de uma equipa, aguardar os desenvolvimentos dessa entrega”, salientou.

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Também Erik Kurgy confirmou esse cenário de plano A (Bruno de Carvalho poder ir a eleições) e de plano B (estar impedido e haver outro cabeça de lista). “Estou aqui para anunciar que serei candidato à presidência do Sporting. Primeiro, trata-se de uma candidatura ‘Leais ao Sporting’, uma candidatura que visa levar, no próximo dia 8 de setembro, o presidente Bruno de Carvalho ao lugar que é seu por justiça. Depois, desejo desmistificar perante todos e assumir a colagem inteira ao presidente Bruno de Carvalho. Caso Bruno de Carvalho seja limitado como cidadão e sócio de concorrer livremente, estou aqui para assumir em nome da equipa e dar o passo em frente em prol da lista e do Sporting.”, destacou o membro que, inicialmente, estava apontado ao Conselho Diretivo como responsável da parte financeira dos leões.

Jaime Marta Soares referiu ao jornal Record que não recebeu ainda qualquer notificação de qualquer providência cautelar. Antes, à margem da oficialização da lista de Pedro Madeira Rodrigues à presidência do Sporting, o líder da Mesa da Assembleia Geral reforçou que não responde a “provocações do senhor Bruno de Carvalho”. “A mim não me ofende quem quer, só quem eu deixo. Ignoro mesmo, não sei se escreve ou deixa de escrever, só temos de nos preocupar com quem tenha algum nível educacional, que seja respeitável e que tenha credibilidade na opinião pública. Passa-me ao lado, ignoro”, frisou.