O Sindicato dos Jornalistas emitiu esta quinta-feira um comunicado sobre a forma como, na última segunda-feira, o PSD usou a sua conta oficial no Twitter para comentar o trabalho de uma jornalista do Público. Para o sindicato, a abordagem do partido “configura uma forma de pressão sobre a liberdade de imprensa, que é inaceitável numa sociedade democrática”.
Em causa estão dois tweets publicados na segunda-feira na página oficial do PSD no Twitter, onde era usada a ironia para comentar um artigo onde a jornalista do Público Sofia Rodrigues dava conta de que dois membros da Comissão Política Nacional do partido ameaçaram demitir-se por não ter havido consenso em torno da proposta que os sociais-democratas estão a preparar para a área da saúde. O primeiro tweet acabava com uma provocação à jornalista, afirmando que no partido estão “ansiosos pelo próximo trabalhinho para ficar a saber os nomes dos dois ameaçadores”. No segundo tweet, publicado uma hora depois, o PSD volta a recorrer à ironia para questiona se a jornalista terá alterado “a ordem de trabalhos” do próximo Conselho Nacional.
“O Sindicato dos Jornalistas lamenta e condena a forma como o PSD se refere ao trabalho da jornalista do Público, Sofia Rodrigues. Em causa a notícia de 20 de Agosto segundo a qual dois membros da comissão política nacional do partido ameaçaram demitir-se por não ter havido consenso em torno da proposta que os sociais-democratas estão a preparar para a área da saúde”, começa a ler-se.
A rigorosa Sofia Rodrigues do @Publico continua a sua cruzada e, hoje, “informa” que dois membros da CPN ameaçaram demitir-se. Estamos ansiosos pelo próximo trabalhinho para ficar a saber os nomes dos dois ameaçadores. https://t.co/raC9IMFn8D pic.twitter.com/8aUVfP1PG7
— PSD (@ppdpsd) August 20, 2018
Para o Sindicato dos Jornalistas, o que o PSD fez foi usar “o sarcasmo e a ironia para provocar a jornalista em causa, desvalorizando e levantando suspeitas relativamente ao trabalho por ela desenvolvido”, em vez de usar os mecanismos que tem à sua disposição para retificar o teor da notícia, no caso de ser falso, como é o caso da figura do direito de resposta. Em vez de o fazer, o partido usou “recursos linguísticos para denegrir um trabalho jornalístico”, o que, na opinião do sindicato, “configura uma forma de pressão sobre a liberdade de imprensa que é inaceitável numa sociedade democrática.”
A terminar o comunicado, o sindicato “reafirma a condenação deste tipo de comportamentos e exorta o PSD, e todas as forças políticas, a respeitarem os valores democráticos nos quais se inserem as liberdades de expressão e de imprensa”.