O ambiente no passeio marítimo de Algés é de festival, mas desta vez quem vai a palco não canta, a não ser que seja K-Pop (música pop coreana). O Observador foi conhecer o espaço da edição de 2018 da Comic Con Portugal e falou com Paulo Rocha Cardoso, o fundador do evento no nosso país. Para o responsável máximo da organização, estar em Oeiras é “um novo desafio, um novo início”.
É um desafio passar de 60 mil metros quadrados para 100 mil metros quadrados. Passar de um evento indoor, para um evento outdoor e indoor (um mix)”, conta Paulo Rocha Cardoso sobre a primeira edição no Passeio Marítimo de Algés (onde também se realiza o NOS Alive).
Até domingo vão passar por estes 100 mil metros quadrados com tendas para os palcos, stands de merchadising e relva sintética (para não haver pó) nomes como Maurício de Sousa (criador da Turma da Mônica), Nicholas Hoult (ator nos filmes X-Men) e Dolph Lundgreen (ator de Creed). Esta quarta-feira, numa visita guiada ao local do evento (que ainda estava em montagens), juntou-se de surpresa Isaltino Morais, o presidente da Câmara de Oeiras, município que vai acolher este evento nos próximos três anos, e foi possível ver como é o novo conceito “outdoor”. O autarca aproveitou para deixar uma garantia em tom jocoso: “A Câmara Municipal de Oeiras garante que não vai haver chuva”. Promessas complicadas.
É pelo bom tempo esperado para os próximos dias que Paulo Rocha Cardoso afirma: “Ao alterar a data pensámos num momento do ano em que [de chover] fosse inferior”. Nas últimas edições, além de ser indoor (na Exponor), a Comic Con realizava-se em dezembro. Para o executivo estas alterações foram “uma mudança natural” e, por agora ser um evento com uma grande componente outdoor, tem várias tendas para acolher as dezenas de milhares de visitantes esperados e vai “permitir novas experiências”.
Quem já esteve em festivais como o NOS Alive, que se realiza no mesmo local, não vai estranhar o ambiente. É muito semelhante, mas os grandes palcos onde tocam os músicos são trocados por grandes áreas de gaming, stands de marcas como a LEGO ou a Playmobil e zonas inteiramente dedicadas a quem gosta de jogos de tabuleiro ou videojogos. Além disso, na Comic Con, as estrelas são também os visitantes. Mas os fãs do evento que fazem Cosplay — que utilizam máscaras feitas à mão das personagens de BD, séries e filmes de que mais gostam –, vão, nesta edição, poder ter de, no caminho entre as tendas, procurar locais com sombra caso esteja muito sol.
Mesmo assim, “tudo foi pensado”, afirma Paulo Rocha Cardoso. Ainda se debatia se a Comic Con ia ficar ou não em Matosinhos e o responsável do evento assume que já nessa altura não eram apenas espaços como a FIL, em Lisboa (que acolhe eventos como a Web Summit ou a Lisboa Games Week), que estavam em cima da mesa. “A FIL tem uma dimensão própria (…) quem sabe com esta mudança como é que a indústria se transformará para o futuro”, explica o fundador sobre a aposta neste novo conceito de Comic Con em Portugal.
As novidades do evento outdoor “para todas as idades” e com “curiosidade para o cosplay”
Com a mudança para Oeiras, a Comic Con vai permitir novas experiências e, por ser neste espaço, há também novas condições. Algumas alterações são práticas, como passar a ter várias caixas multibanco (na Exponor só existia uma) e camarins especiais para que quem faça Cosplay possa mudar de roupa com mais comodidade (em Matosinhos isso era feito nas casas-de-banho). Mesmo assim, muito é igual às edições anteriores.
Há espaços dedicados ao gaming, que têm novidades como o novo jogo do Homem-Aranha para a Playstation 4, e até uma tenda apenas para um torneio de Player Unknown’s Battlegrounds (PUBG), um conhecido videojogo online. Além destes espaços, há zonas dedicadas ao mais novos, como a Planet Kids, onde vai ser apresentada uma nova série da Disney, ou áreas para os aficionados pela cultura japonesa, como a Pop Asia, com anime e manga. Noutras tendências, a Comic Con vai continuar a apostar no fenómeno YouTubers e vai receber nomes como Sir Kazzio, a vedeta da plataforma da Google com mais seguidores em Portugal, entre outros.
Quem quiser tirar fotografias ou pedir autógrafos aos vários convidados do evento, como o radialista Nuno Markl, a cantora Bárbara Bandeira e até estrelas de cinema, como Dan Folger (ator de Monstros Fantásticos e onde encontrá-los) ou Dichen Lachman (atriz de “Shameless”), pode ter a oportunidade, mas fica o aviso: alguns têm custo extra. “É natural e cultural nos Estados Unidos [de onde vem o evento] cobrar pelos pelos autógrafos”, explicou Paulo Rocha Cardoso, dizendo que o dinheiro vai para algumas vedetas (mesmo com a organização a pedir a todos para poderem tirar fotografias e dar autógrafos gratuitos aos fãs).
O objetivo nos próximos dias vai ser celebrar a cultura Pop. Mesmo com cabeças de cartaz que podem apelar pouco aos fãs do evento — o executivo afirma que muitas vezes as produtoras não consideram “relevante” trazer alguns atores e conteúdos — no fim “os nomes não são a parte principal porque a Comic Con promove a indústria”. E isso, muitas vezes, está mais representado nos cosplayers. Por isso, nos próximos dias se estiver por Algés e vir alguém com uma roupa um pouco diferente, não se assuste: estão a celebrar a da cultura Pop — e há famílias inteiras a fazê-lo.
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A Comic Con Portugal vai decorrer de 6 até 9 de setembro, das 10h00 às 20h00. Os bilhetes custam entre os 10/25 euros (um dia para criança e para adulto) e os 35/75 euros (passe para todos os dias). Houve a possibilidade de adquirir bilhetes VIP, mais caros (até 187 euros), que permitem aceder a zonas exclusivas com os convidados e entrar na tenda principal antes da abertura das portas.