As filmagens do filme “Fátima”, com Harvey Keitel e Sônia Braga entre os atores principais e inspirado no fenómeno religioso ocorrido há 100 anos, começaram na Tapada de Mafra e continuam nas próximas oito semanas em Portugal.

A Tapada de Mafra, no distrito de Lisboa, foi o cenário escolhido pelos produtores para as filmagens das cenas relacionadas com a vida dos três pastorinhos, representados pelos espanhóis Stephanie Gil, Alejandra Howard e Jorge Lamelas, e com as “aparições” que aconteceram na Cova da Iria, no espaço do atual Santuário de Fátima.

Rose Ganguzza, uma das principais produtoras, contou à agência Lusa que, desde criança, conhecia a história dos três pastorinhos e decidiu trazê-la para o cinema, com um argumento que é “baseado na religião católica”, mas que transcende todas as religiões e se resume a uma “história da humanidade”. “Acho que o filme vai ser polémico por dois aspetos: pela história verídica e pela aventura contada a partir dos pontos de vistas das crianças, que abrem muitas possibilidades criativas”, admite a produtora, que adiantou que o filme explora as duas vertentes.

O filme aborda o que “estava a acontecer em Portugal em 1917 para criar o contexto da história e para as pessoas verem como é que crianças que estavam no meio do mato, sem Internet, sem redes sociais e sem televisão, conseguiram reunir em Fátima 70 mil pessoas na última aparição para ver o milagre do sol”.

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Com um filme que é falado em inglês, que promete “tocar pessoas que não são católicas”, que conta com um elenco de atores internacional e que fala sobre os segredos de Fátima, cujo santuário recebeu em 2017 nove milhões de fiéis, os produtores esperam “chegar a um grande número de espetadores”, a partir de maio de 2019, altura em que está prevista a exibição nas salas de cinema.

A película vai contar com duas estreias mundiais, de cariz solidário, uma em Fátima a 13 de maio do próximo ano e outra em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, ocasiões para ver cantar ao vivo o cantor italiano Andrea Bocelli, autor e intérprete de “Gloria”, o tema de fecho do filme. “Acho que a música deste filme vai ser premiada, porque a música de Bocelli, ‘Gloria’, original termina o filme. O espetador que ouve a música não vai ficar sem chorar e, sendo original, pode vir a ter um prémio para melhor música de filme”, apontou Rose Ganguzza.

Com um investimento de seis milhões de euros, o filme realizado pelo italiano Marco Pontecorvo foi já gravado em Fátima, durante a missa do papa Francisco, e em Coimbra, em 2017, com passagens ainda por rodar em Sesimbra, Pinhel e Tomar. O projeto foi desenvolvido pela Origin Entertainment e o argumento foi escrito por Marco Pontecorvo e Valerio D’Annunzio, com base na história de Barbara Nicolosi.

Entre o elenco de atores, estão o norte-americano Harvey Keitel, a brasileira Sônia Braga, o croata Goran Visnjic e os portugueses Joaquim de Almeida e Lúcia Moniz. A produção conta com meio milhar de especialistas, 70 atores portugueses, 2.500 figurantes portugueses e 200 animais.

“Fatima” é também o primeiro filme a ser apoiado pelo Estado no âmbito do recém-criado Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual, que pretende captar produções internacionais de filmes cinematográficos.