O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a estimativa de crescimento da economia portuguesa para 2,3% este ano, alinhando-a com as previsões do Governo. No relatório divulgado ao abrigo do artigo IV, numa altura em que o Governo está a preparar a proposta de Orçamento do Estado para 2019, o FMI estima que o crescimento da economia portuguesa “abrande do pico”, moderando gradualmente a médio prazo.

O FMI reviu, assim, em baixa a previsão feita em abril de 2,4% para 2,3%, acertando as suas estimativas com as do Programa de Estabilidade 2018-2022 (PE 2018-2022) do Governo. No entanto, para o próximo ano, o FMI mostra-se menos otimista do que o executivo liderado por António Costa, mantendo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,8%, caso não sejam adotadas reformas significativas que alterem o atual cenário.

“O investimento e as exportações deverão permanecer importantes motores do crescimento, embora a um ritmo mais lento, enquanto o consumo privado deverá aliviar um pouco. O crescimento do emprego deverá também desacelerar e o mercado de trabalho deve continuar a estreitar em 2018, com a média do desemprego a diminuir abaixo de 7,5%, a suportar o crescimento moderado dos salários reais”, refere o relatório.

O FMI estima que em 2018, o saldo da balança externa se deteriore devido ao crescimento das importações e que o défice orçamental caia, ajudando a reduzir os rácios da dívida pública, embora a trajetória da dívida pública “continue sujeita a riscos significativos”.

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O défice deverá, assim, alcançar 0,7% do PIB em 2018 e a dívida pública deverá chegar a 121% do PIB no final do ano, abaixo dos 126% de 2017 e, mantendo constantes as políticas públicas, deverá baixar para os 103% até 2023. O FMI alerta, no entanto, que a dívida pública portuguesa continua sujeita a riscos externos que podem atrasar a sua redução.

“Portugal seria afetado negativamente por um enfraquecimento significativo do crescimento da zona euro”, alerta a equipa do FMI que produziu o relatório, alertando ainda para a “renovada” instabilidade do mercado relacionada com a incerteza da política nos países da área do euro, que poderão resultar numa subida das taxas de juro. Da mesma forma, um aperto adicional das condições de financiamento a nível global poderá afetar as empresas e famílias endividadas.

Daí que, a cerca de um mês de ser conhecida a proposta de Orçamento do Estado do atual governo, a instituição liderada por Christine Lagarde volte a reforçar os apelos a um maior esforço de consolidação. O plano, sugere o FMI, deve passar por por ir mais longe do que o previsto neste e no próximo ano no cumprimento das metas de redução do défice público e por apostar numa maior poupança nas despesas com pessoal e com pensões. Daí que o FMI destaque a importância das negociações para o Orçamento entre os vários partidos à esquerda e o receio de que as medidas em discussão (que não estão previstas do Programa de Estabilidade) impliquem um aumento da despesa e não o contrário. E isso, reforçam, coloca em causa o objetivo de um excedente orçamental em 2019.