O Benfica estreava-se na fase de grupos da Liga dos Campeões frente ao todo poderoso Bayern Munique, depois de ultrapassar os turcos do Fenerbahçe e os gregos do PAOK nas eliminatórias de acesso à principal prova europeia e não se adivinhava tarefa fácil para os vice-campeões nacionais. Do outro lado, estava o hexacampeão alemão, cinco vezes vencedor da Champions e uma das equipas que, de acordo com a opinião generalizada dos amantes da modalidade, melhor futebol pratica atualmente.
Em comum, para além da cor vermelha utilizada nos equipamentos principais, Benfica e Bayern partilham o estatuto de clube mais titulado do seu país, numa superioridade reforçada ao longo dos anos e que, num passado recente, foi reafirmada com o tetracampeonato encarnado, apenas interrompido o ano passado com o triunfo portista, e o hexa germânico, sem ameaças ao domínio bávaro à vista.
Ficha de jogo
↓ Mostrar
↑ Esconder
Benfica-Bayern, 0-2
1.ª jornada do grupo E da Liga dos Campeões
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (Espanha)
Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Gedson (Zivkovic, 75′), Pizzi (Rafa, 62′); Salvio (Gabriel, 62′), Cervi e Seferovic
Suplentes não utilizados: Svilar, Conti, Alfa Semedo e Castillo
Treinador: Rui Vitória
Bayern Munique: Neuer; Boateng, Hummels, Kimmich, Alaba; Javi Martinez (Muller, 88′), Renato Sanches e James (Goretzka, 78′); Robben, Ribéry (Gnabry, 62′) e Lewandowski
Suplentes não utilizados: Ulreich, Wagner, Sule e Will
Treinador: Niko Kovac
Golos: Lewandowski (10′) e Renato Sanches (54′)
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Kimmich (19′), Fejsa (22′), Jardel (39′), Hummels (52′) e James (59′)
Mas, olhando para o poderio dos onzes iniciais, facilmente se começam a verificar as diferenças entre as duas formações, mesmo ignorando a capacidade financeira de ambos os clubes: comparar os alemães Vlachodimos e Neuer, os centrais Jardel e Rúben Dias com Hummels e Boateng, os extremos Robben e Ribéry com Cervi e Salvio ou o ponta-de-lança Lewandowski com o suíço Seferovic não passa de um mero exercício obrigatório cujo resultado é conhecido à partida – os jogadores do Bayern têm mais nome, teoricamente mais capacidade para fazerem a diferença por si só e chegavam à Luz como favoritos à vitória.
E que melhor exemplo para explicar o desnível qualitativo entre Benfica e Bayern do que Renato Sanches? O jovem prodígio transferiu-se para o gigante alemão no verão de 2016 por um valor que pode chegar aos 45 milhões de euros, depois de uma época onde foi o principal motor do título das águias e elemento preponderante na conquista portuguesa no Campeonato da Europa.
A carreira do médio parecia seguir uma trajetória ascendente, mas a chegada a uma nova realidade obrigou Renato Sanches a colocar os pés no chão: na primeira temporada em Munique, nunca se assumiu no onze de Carlo Ancelotti, cumprindo apenas 25 presenças, muitas delas reduzidas a alguns minutos. Sem espaço no recheado plantel germânico, Renato Sanches acabou emprestado ao Swansea, onde também não vingou, para regressar ao Bayern na presente temporada.
E é aqui que os astros se cruzam e o caminho de Renato Sanches é tocado pelo sabor irónico do destino: a primeira titularidade do médio desde que voltou a Munique foi precisamente neste encontro, frente ao Benfica, num Estádio que tão bem conhece. Mas faltava a pitada final desta história que acabou em harmonia entre médio e benfiquistas – foi Renato Sanches quem apontou o segundo golo alemão, pediu desculpa ao público da Luz e este retribuiu-lhe com um aplauso em uníssono. Foi o momento da noite na derrota encarnada por 2-0 às mãos do Bayern.
???????????? @renatosanches35 #SLBFCB #FCBayern #MiaSanMia pic.twitter.com/MxtJDWxOpE
— FC Bayern München (@FCBayern) September 19, 2018
O início do encontro mostrava duas equipas com semelhanças táticas, mas abordagens diferentes, com um Bayern sedento de golos a carregar desde o primeiro minuto e um Benfica a respeitar o adversário e a tentar, aos poucos, fazer o seu jogo.
Se, nos dez primeiros minutos, os encarnados conseguiram equilibrar operações e anular as principais armas germânicas, a verdade é que, na primeira vez em que os bávaros arranjaram espaço, arrancaram e só pararam com o marcador inaugurado: Ribéry afastou-se de André Almeida, alargou para Alaba e viu o austríaco servir Lewandowski no centro da área para uma finalização repleta de classe e frieza por parte do polaco.
????????Robert Lewandowski marcou em todas as edições da ⭐️Champions League em que participou [8]; fez o 46.º golo na prova e 3.º a equipas portuguesas [1x Benfica e 2x FC Porto] pic.twitter.com/zleMkkupar
— Playmaker (@playmaker_PT) September 19, 2018
Era a diferença qualitativa entre os dois plantéis a entrar em jogo, pese embora os esforços encarnados para dissipar tal desnível. Mas o Bayern queria mais e Ribéry mostrava-se endiabrado, fazendo a cabeça de André Almeida em água; do outro lado, Robben fugia a Grimaldo e via-se na cara de Vlachodimos, mas valia uma fantástica defesa do jovem guarda-redes a evitar o segundo do Bayern.
Já depois de James desviar ao lado, o Benfica conseguiu o seu primeiro remate na partida, aos 22′, com Salvio a rematar por cima, antes de, aos 28′, servido por Pizzi, atirar no interior da área para grande defesa de Neuer, que impediu o empate encarnado.
⏰ 35’ | ???????? Benfica 0-1 Bayern ????????
Pizzi lidera em:
???? Passes para finalização: 2
???? Eficácia de passe: 94%
???? Passes longos eficazes: 4/4#UCL #ChampionsLeague #SLBFCB pic.twitter.com/3jkwuFGavp— GoalPoint (@_Goalpoint) September 19, 2018
E lembra-se do que dissemos sobre os extremos do Bayern? Pois é, Ribéry e Robben estavam imparáveis. Perdão, quase imparáveis: Vlachodimos voltava a brilhar para travar um remate do holandês, que, servido pelo francês, voltou a criar calafrios à defesa encarnada.
Era a última oportunidade de uma primeira parte de domínio alemão e muita, muita luta portuguesa para tentar contrariar uma superioridade teórica, que, na prática, se traduzia em apenas 1-0 ao intervalo e uma esperança encarnada viva para o segundo tempo.
⏰ 45’ | ???????? Benfica 0-1 Bayern ????????
Campeão germânico regressa ao balneário em vantagem
"Águia” só acordou (ligeiramente) ao 7º remate bávaro#UCL #SLBFCB #ChampionsLeague pic.twitter.com/313IZTjqEb— GoalPoint (@_Goalpoint) September 19, 2018
Rui Vitória parecia acreditar que era possível chegar ao empate e, no início do segundo tempo, o Benfica surgia com as linhas mais adiantadas, a tentar condicionar a saída de bola alemã. E a estratégia até estava a funcionar, não fosse a ironia do destino entrar em cena: no regresso à titularidade do Bayern, a primeira da época, Renato Sanches arrancou, conduziu a bola como tantas vezes fez na Luz e levou o esférico a passar por todo o ataque alemão, antes de ele próprio aparecer no interior da área para finalizar, servido por James.
O médio formado na Luz marcava ao minuto 54′, 32 meses depois do último golo apontado, mas, ao contrário do que fez em Guimarães com a camisola do Benfica, desta feita não festejou, pediu desculpa ao público e recebeu em troca um dos momentos da noite: todo o Estádio esqueceu o golo sofrido e aplaudiu Renato Sanches em uníssono.
⚠️32 meses depois ????????Renato Sanches volta a marcar ao serviço de um clube:
????Bayern ⚽️ vs Benfica [F], UCL 18/19
????Benfica ⚽️ vs V. Guimarães [F], Liga 15/16 pic.twitter.com/WCH9aM1n8D— Playmaker (@playmaker_PT) September 19, 2018
Depois do golo sofrido, o técnico encarnado tirou de campo Pizzi e Salvio, duas das peças mais preponderantes na época até ao momento, para lançar Gabriel e Rafa. O reforço brasileiro fazia o papel do médio português, enquanto Rafa ocupava o lugar de Salvio, e foi mesmo Gabriel a ameaçar Neuer, com um bom remate à meia-volta, mas sem a melhor direção.
Por esta altura, até era o Benfica quem tinha mais bola, mas ficava a ideia de que era uma posse consentida pela formação bávara, numa altura em que o Bayern baixava o ritmo do jogo e julgava ter a vitória no bolso.
⏰ 65’ | ???????? Benfica 0-2 Bayern ????????
Pizzi era o jogador com melhor GoalPoint Rating (6.9) quando foi substituído#UCL #ChampionsLeague #SLBFCB pic.twitter.com/iq0r1BJaTS
— GoalPoint (@_Goalpoint) September 19, 2018
Até final, os encarnados continuaram à procura de reduzir a desvantagem e, quem sabe, procurar o empate, mas só por Gedson e Zivkovic incomodaram Neuer, que não teve problemas em afastar o perigo.
Houve ainda tempo para Muller entrar em campo e cumprir a centésima presença na Liga dos Campeões, já depois de Gabriel voltar a tentar o golo, mas a ver a bola passar ao lado do alvo.
⏰ 85’ | ???????? Benfica 0-2 Bayern ????????
Neuer chega às 4 defesas, mais uma do que Vlachodimos#UCL #ChampionsLeague #SLBFCB pic.twitter.com/9Q4DeTx6Sm
— GoalPoint (@_Goalpoint) September 19, 2018
No último lance do encontro, reedição de um duelo visto durante todo o jogo: Vlachodimos levou a melhor sobre Robben e voltou a impedir o golo do holandês, que tudo fez para inscrever o seu nome na lista de marcadores.
O resultado final ficaria mesmo fixado em 2-0, com golos de Lewandowski e Renato Sanches, o protagonista da noite. Em termos estatísticos, os dados de Benfica e Bayern são semelhantes, com ligeiro ascendente para os alemães, mas com o equilíbrio a pautar os diferentes aspetos do jogo. O que fez a diferença? O desnível qualitativo dos plantéis e o doce sabor de um irónico destino.
???????? Benfica ???? Bayern ????????
???? inicia campanha com derrota, a 8ª consecutiva na Champions
Ratings em https://t.co/QZuwKyufuG#UCL #SLBFCB #ChampionsLeague pic.twitter.com/OvNAzR3tbu— GoalPoint (@_Goalpoint) September 19, 2018