Augusto Baganha, ex-presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), pretende que o Ministério Público (MP) volte a olhar para o processo que investigou um alegado crime de intromissão informática na consulta ilegal de processos disciplinares abertos por aquele instituto contra o Benfica. Baganha apresentou esta semana uma denúncia, a que o Observador teve acesso, por intrusão e acesso, buscas ilegítimas, furto de documento e favorecimento de clube — neste caso, o clube da Luz.

Na denúncia dirigida à procuradora-geral Joana Marques Vidal, o dirigente afastado por João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, volta a associar o seu afastamento da instituição com as decisões que tomou contra o Benfica.

A denúncia de Augusto Baganha pega no processo no ponto em que este foi arquivado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Uma vez que o próprio Ministério Público deu como comprovado que o computador de uma ex-dirigente do IPDJ foi alvo de pesquisas ilegais, Baganha pede ao Ministério Público que investigue “a quem interessava aceder ilegitimamente” ao computador de Lídia Praça.

Depois, o ex-diretor do instituto lança quase uma guia de investigação criminal ao Ministério Público. Baganha quer saber se o “apagão” registado no sistema de vigilância da sede do IPDJ logo a seguir ao acesso ao computador de Lídia Praça impediu a Polícia Judiciária de consultar as imagens do fim de semana anterior (que poderiam ajudar a identificar o autor da consulta) e recorda que “apenas havia três chaves” que davam acesso às instalações.

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A denúncia está relacionada com um caso de suspeita de espionagem no IPDJ num momento em que o instituto tinha em mãos decisões que penalizavam as claques desportivas do clube da Luz. Baganha admite que as decisões que tomou, e que já o levaram a acusar o sucessor de guardar na gaveta processos contra o Benfica, podem estar “relacionados” com a sua demissão e com o afastamento de Lídia Praça.

Processos disciplinares das claques ilegais do Benfica com suspeitas de espionagem informática

Contudo, para o processo ser reaberto é necessário que o Ministério Público considere que os indícios denunciados por Augusto Baganha configuram fatos novos.

Na denúncia consultada pelo Observador, Augusto Baganha faz ainda referência ao “eventual favorecimento” dos encarnados, precisamente por aquilo que considera ter sido um “atraso” na tomada de decisão de Vítor Pataco (sucessor de Baganha à frente do IPDJ por nomeação do Governo) num processo que envolvia a segurança do Benfica. Foram arquivados “55 autos de contraordenação baseados em autos de notícia levantados pelas forças de segurança”.

Augusto Baganha, que esta semana é ouvido no Parlamento a propósito do seu afastamento da direção do IPDJ, nomeou sete testemunhas na denúncia enviada para a Procuradora-Geral da República.