Elon Musk vai deixar a presidência do conselho de administração (cargo não-executivo) da Tesla no prazo de 45 dias. A medida faz parte de um acordo com a Securities Exchange Comission (SEC) — a comissão de valores mobiliários e ações norte-americana que funciona como uma espécie de “polícia da bolsa” –, para encerrar a investigação por supostas informações falsas que prestou ao mercado. Musk permanece, contudo, como CEO (presidente executivo) da empresa, mantendo-se por isso responsável pela gestão diária da fabricante de automóveis elétricos.

Há dois dias, a SEC abriu um processo contra Elon Musk por fraude, depois de o Departamento de Justiça norte-americano já ter aberto também uma segunda investigação pelo mesmo motivo mas no âmbito criminal. Em causa está o facto de, no passado dia 7 agosto, Musk ter afirmado no Twitter, que tinha um comprador para a Tesla: “Estou a considerar tornar a Tesla privada a 420 dólares. Financiamento assegurado”, sendo que, neste contexto, “privada” significava retirar a empresa da bolsa.

Depois dessas publicações, as ações da fabricante de automóveis elétricos subiram 11%. Na acusação de fraude, a entidade reguladora da bolsa dizia que “Musk não tinha sequer discutido, muito menos confirmado, elementos chave, incluindo o preço, com nenhum potencial investidor”, dizia na queixa, onde pedia que Musk fosse “proibido de exercer o cargo” de administrador.

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Foi o que aconteceu. O processo termina agora com o então chairman e CEO da Tesla (Musk acumulava os dois cargos) a ser obrigado a deixar de exercer o cargo de presidente do conselho de administração (cargo também conhecido por chairman e que é não-executivo) nos próximos 3 anos, a que se junta o pagamento de uma multa no valor de 20 milhões de dólares (a título individual) e outros 20 milhões que serão pagos pela própria Tesla, segundo se lê na nota de imprensa divulgada pelo site da SEC.

Reguladora americana pede destituição de Elon Musk por tweets falsos

O acordo ainda terá, contudo, de ser submetido a aprovação judicial. A SEC processou o empresário por ter prestado “declarações públicas falsas e enganadoras” e com isso de ter prejudicado investidores. Na mensagem partilhada no Twitter, Musk dizia que estava a equacionar tirar a empresa da bolsa o que, segundo a SEC, “causou uma enorme confusão e disrupção no mercado, para as ações da Tesla, prejudicando investidores”.

“Musk sabia” que o estava a dizer no Twitter era falso “ou foi imprudente porque ele não tinha uma base adequada para dizer o que disse”, afirma ainda a reguladora da bolsa norte-americana no comunicado emitido.