Um relatório elaborado por especialistas da Comissão Europeia já alertava em maio para o elevado risco de incêndio no Parque Natural Sintra-Cascais. Esse alerta entregue ao Governo, conforme recorda o Público, decorreu de uma visita dos peritos a Portugal e dava já conta das fragilidades daquela zona protegida — um receio que se veio a verificar no último fim-de-semana, depois de um fogo ter dizimado cerca de 600 hectares do parque.
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“O índice de risco estrutural é muito alto e extremo”, refere o relatório assinado por três especialistas oriundos de Espanha que trabalharam com técnicos nacionais, nomeadamente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Após a visita, os especialistas alertaram então para a vulnerabilidade da zona e para o perigo das casas isoladas, entre outros riscos.
Em caso de catástrofe, “as evacuações estão comprometidas, pois necessitam de duas condições que não existem, tempo e recursos – a que acresce outra limitação, a largura das estradas face à quantidade de veículos existentes”, destaca o mesmo estudo.
O documento foi na altura entregue ao secretário de Estado das Florestas, que chegou a reunir-se com os seus autores, bem como aos presidentes do Instituto de Conservação da Natureza, da Parques de Sintra-Monte da Lua e ainda ao responsável pela estrutura de missão dos fogos rurais, Tiago Oliveira, mas não se conhece o desenvolvimento de medidas por parte do Governo e das entidades responsáveis após o conhecimento desses alertas.
Entre as várias sugestões propostas na altura para prevenir o risco de fogo no parque natural, os especialistas propunham, por exemplo, a criação de rotas de fuga e o apoio a pessoas que necessitem de fazer queimadas. Destacava também a necessidade de vigiar a prática de rituais ou macumbas que, por implicarem o uso de velas nos cruzamentos dos caminhos florestais, se tornavam num fator de risco adiciona. Por tudo isto, reforçavam os peritos, “torna-se evidente a possibilidade de grandes incêndios florestais já em 2018”, antecipava o relatório.