O presidente do PSD, Rui Rio, recrutou para trabalhar na sede do PSD Rodrigo Gonçalves, um dos seus mais fiéis apoiantes a sul e aquele que é considerado um dos maiores caciques do partido. O antigo presidente interino na concelhia do PSD/Lisboa está a trabalhar na área da comunicação e, segundo apurou o Observador, começou oficialmente a trabalhar na sede nacional, na rua de São Caetano à Lapa, em Lisboa, na última quarta-feira.

Rodrigo Gonçalves é uma das figuras mais controversas do PSD/Lisboa, com um currículo que ainda ficou mais exposto após uma investigação do Observador sobre a forma como a família Gonçalves controlava os sindicatos de votos na concelhia de Lisboa.

A rede da família Gonçalves: como se tornaram poderosos no PSD/Lisboa

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Rodrigo Gonçalves já se instalou num gabinete com duas secretárias no primeiro piso da sede da São Caetano à Lapa. A sala era chamada, no tempo de Passos, de “gabinete dos vice-presidentes”, que iam utilizando à vez aquele gabinete quando tinham de receber alguém na sede. Com Rio na liderança, uma das secretárias tem sido ocupada pelo seu amigo e conselheiro António Maló de Abreu, que é também membro da Comissão Política Nacional. A segunda secretária do gabinete é agora ocupada por Rodrigo Gonçalves.

Houve outra razão mais prática para a entrada de Rodrigo Gonçalves. Abriu uma vaga no partido com a reforma de Diana Ulrich, mulher do banqueiro Fernando Ulrich, e funcionária do partido há vários. A saída de Diana Ulrich abriu uma disponibilidade financeira para que Rodrigo Gonçalves pudesse ser contratado.

Depois de ter sido apresentado na terça-feira, Rodrigo Gonçalves começou a trabalhar na quarta-feira e na quinta-feira foi ao Porto com o chefe de gabinete de Rui Rio, José Luís Fernandes, visitar a sede do partido no Porto, onde irá criar um call center que deverá ser composto por uma equipa de quatro pessoas.

Rodrigo Gonçalves tem atividade empresarial no privado, mas tem tido sempre nos últimos anos cargos com ligação ao partido. Em 2009, foi eleito presidente da Junta de São Domingos de Benfica. Em 2013, já depois de ter saído da Junta foi nomeado adjunto do secretário de Estado do Emprego, Octávio Oliveira, de onde se demitiu em julho de 2014 na sequência de uma acusação do Ministério Público num processo de corrupção. Do processo de corrupção (ao contrário do que aconteceu com o de agressão), Rodrigo Gonçalves acabaria, mais tarde, por ser absolvido.

Em 2015, acabou por ser requisitado para assessor do vereador do PSD, Fernando Seara, na Câmara Municipal de Lisboa, onde esteve até às autárquicas de 2017. Foi requisitado à Gebalis, empresa da qual faz parte dos quadros.

Em janeiro de 2015, Rodrigo Gonçalves foi condenado em tribunal por agressão, a murro e pontapé, ao companheiro de partido e presidente da Junta de Freguesia de Benfica (mesmo ao lado de S. Domingos de Benfica) em 2009.

O Observador contactou a assessoria de imprensa de Rui Rio mas não teve resposta até ao momento de publicação deste artigo. Contactado, Rodrigo Gonçalves alegou indisponibilidade para falar por estar numa reunião. Não voltou a atender as chamadas, nem respondeu às mensagens do Observador.