Quem acompanha o futebol de formação com alguma atenção sabe que existem alguns fenómenos esporádicos de equipas de uma determinada geração que vão deixando marca (e títulos nacionais) nos vários patamares que vão atravessando, dos iniciados aos juvenis, dos juniores à entrada no futebol profissional. Olhando para o quadro atual nas camadas jovens nacionais, restam poucas dúvidas sobre o crescimento do Benfica em contraponto com a quebra do rival Sporting e o aparecimento de outros projetos “não grandes” estruturados e capazes de se baterem a médio prazo com as escolas que funcionam por tradição como referências (Sp. Braga, por exemplo). Mas os responsáveis encarnados sabiam que havia uma geração específica que serviria de símbolo para a afirmação do Seixal como máquina de talentos. A mesma que começa agora a aparecer nas opções de Rui Vitória.

Gedson Fernandes foi o primeiro. Campeão nacional de iniciados, juvenis e juniores pelo Benfica e campeão europeu Sub-17 por Portugal, o médio foi aposta do técnico encarnado logo no início da temporada para suprir a lacuna do ‘8’ que tardava em ser fechado no mercado estrangeiro. Foi testado, afirmou-se, ganhou a titularidade, mereceu rasgados elogios pelo que jogava e também pelo que permitia que outros brilhassem (exemplo paradigmático: Pizzi) e, mesmo depois de sair da equipa em alguns encontros para a entrada de Gabriel, mereceu a confiança de Fernando Santos e fez a estreia na Seleção A. Chegado a meio de outubro, o miúdo nascido em janeiro de 1999 leva já mais de 1.000 minutos em 13 jogos, marcando dois golos entre os quais o fantástico remate de meia distância no início da segunda parte frente ao Sertanense.

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Seguiu-se João Félix, uma das maiores apostas do scouting encarnado que secundarizou o corpo franzino e pequeno, olhou para a qualidade técnica do médio ofensivo e desviou do Padroense (após passagem pelo FC Porto) aquele que para muitos promete ser a breve prazo a nova coqueluche da Luz. Depois de uma estreia de sonho em dérbis com o golo do empate frente ao Sporting na Luz a quatro minutos do final, o jovem nascido em novembro de 1999 que foi queimando etapas em termos de equipas de formação já realizou 370 minutos em sete jogos no conjunto principal e apontou dois golos antes de se lesionar no tornozelo, ao mesmo tempo que foi dando o contributo para a chegada dos Sub-21 ao playoff de apuramento para o Europeu.

João Félix, o miúdo dos Pestinhas que saiu do FC Porto por ser magricelas e está a ganhar cabedal no Benfica

Esta noite, João Filipe, nascido em março de 1999 e mais conhecido por Jota, teve também a oportunidade de realizar os primeiros minutos pela equipa principal, substituindo Jonas a 13 minutos do final da partida com o Sertanense a contar para a Taça de Portugal no ponto mais alto de um percurso onde passou por todos os escalões de formação dos encarnados. Campeão europeu de Sub-17 e Sub-19 por Portugal e campeão nacional de iniciados, juvenis e juniores, o avançado foi o grande destaque no último Campeonato da Europa de Sub-19 e já estava na calha para ascender ao conjunto principal, menos de uma semana depois de ter sido apontado pelo presidente do clube, Luís Filipe Vieira, ao plantel de Rui Vitória na próxima temporada.

João Filipe. “O próximo Cristiano Ronaldo” que marcou onze golos num só jogo, fez testes no United e brilha no Europeu Sub-19

Além de Gedson Fernandes, João Félix e Jota, existem ainda nesta geração 99 outros nomes como Florentino Luís – também ele apontado por Vieira à principal formação no próximo ano –, Nuno Santos, José Gomes ou Mésaque Djú que, a médio prazo, e caso confirmem as indicações deixadas no clube e nas seleções mais jovens, poderão ser chamados à equipa A. E é por isso que, para o Benfica, esta é a grande geração que simboliza o trabalho feito no Seixal nos últimos anos a nível de formação.

“Deixei o Ferro fora dos 18 porque quis ter jogadores de mais pendor ofensivo no banco. O Ferro seria o sétimo, mas seis jogadores da formação a acabar o jogo é um sinal importante. Este é o futuro. Temos seis a jogar uma Taça de Portugal, daqui a três ou quatro anos terão muitos jogos em cima”, sublinhou Rui Vitória no final do encontro, recordando não só as presenças de Gedson Fernandes, João Félix e Jota mas também de Rúben Dias, Yuri Ribeiro e Alfa Semedo.