O diretor nacional da PJ aproveitou a cerimónia dos 73 anos da Polícia Judiciária para lembrar a ministra da Justiça de que a polícia que dirige precisa de mais dinheiro, mais homens e de salários melhores. Luís Neves confessou, até, ter alimentado a esperança de que esta sexta-feira iria anunciar a abertura de concursos para 2019, 2020 e 2021. Mas não só não o pôde fazer, como não o ouviu ser anunciado pela governante. No discurso de encerramento, Francisca Van Dunem referiu que “o caminho é árduo”, mas que podem contar “integralmente com o seu empenho”. E nenhum reforço foi anunciado.

A cerimónia dedicou-se à Declaração Universal dos Direitos Humanos, que à semelhança da PJ  também completa 73 anos, e foi numa alusão às condições “equitativas e satisfatórias de trabalho” ali previstas que Luís Neves se baseou para dar um salto no seu discurso. E traçar o retrato de uma polícia que vive com o mesmo orçamento para a aquisição de bens e serviços desde 2005, que não pode aumentar salários nem de acordo com a inflação e cujo efetivo está envelhecido — com um média etária de 48 anos.

“Estes direitos, que se consubstanciam de forma diversa transformam-se em deveres para a Direção Nacional e respetiva tutela, cabendo-nos garantir condições de trabalho adequadas às exigências da missão da Polícia Judiciária”, referiu o diretor nacional, perante uma plateia de polícias e magistrados e representantes de várias associações.

Em dia de festa, Luís Neves referiu que há instalações da PJ cada vez mais degradadas, o parque informático e automóvel são escassos e os operacionais não são em número suficiente para “cumprir a sua missão”. E lembra que qualquer investimento na instituição tem “um retorno inigualável”. Lembrando, para isso, os milhares de euros apreendidos em operações policiais e que reforçam os cofres do Estado. “No domínio da criminalidade financeira, foram suspensas operações suspeitas de valor superior a 100 milhões de euros entre 2015 e 2017 e em 2017 já atingimos esse mesmo valor em 100 milhões”, contabilizou.

Vários elementos da Polícia Judiciária foram agraciados pelo seu trabalho depois do discurso de Luís Neves e só no encerramento da sessão a ministra da Justiça falou. Mas os tão esperados concursos não foram sequer anunciados. Francisca Van Dunem lembrou as “dificuldades” que a PJ enfrenta e enfatizou o facto de “o potencial humano” ser o “seu mais precioso ativo”. Sublinhou que “o caminho é árduo mas que não é de facilidades que se constrói uma policia como a Policia Judiciaria”. E mostrou-se disponível para contarem com ela sempre. Sem qualquer anúncio de reforço orçamental ou concurso para a PJ.

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