O artista espanhol Enrique Tenreiro profanou o túmulo do ditador espanhol Francisco Franco, no Vale dos Caídos. Ajoelhado perante o sítio onde os restos mortais do caudillo foram depositados em 1975, o artista pegou numa esponja embebida em tinta vermelha e manchou assim a pedra tumular.

Além de ter desenhado uma pomba, símbola da paz, Enrique Tenreiro escreveu ainda “pela liberdade” em cima do túmulo do ditador. Tudo aconteceu quando se estava a preparar a missa das 11h00 locais (12h00 de Lisboa).

“Pela liberdade, pela reconciliação de todos os espanhóis. Para que não haja um lado vencido”, disse o artista galego, já depois de ter sido agarrado pelos seguranças que trabalham naquele espaço. De acordo com o El Español, os seguranças do Vale dos Caídos não têm autoridade para deterem o responsável pelo ato de vandalismo e por isso chamaram a Guardia Civil ao local.

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Àquele jornal, um dos presentes no local conta que além das declarações gravadas em vídeo, Enrique Tenreiro terá também dito: “Não sou contra a unidade de Espanha, mas Franco matou muita gente”.

A campa de Franco não é um assunto morto, nem enterrado. E está a dividir Espanha

A campa do ditador espanhol, que ali foi depositada poucos dias depois da sua morte, em novembro de 1975, está prestes a ser retirada do Vale dos Caídos após decisão do governo de Pedro Sánchez.

Quem é Enrique Tenreiro, o artista que profanou a campa de Franco?

Enrique Tenreiro é um escultor galego, nascido na Corunha em 1969.

De acordo com informação disponibilizada no seu site pessoal, o artista tem exposto o seu trabalho apenas na Galiza.

No seu perfil de YouTube, o artista publicou um vídeo em janeiro de 2016 onde mostra imagens da inumação dos restos mortais de Franco no Vale dos Caídos. Estas imagens são intercaladas por uma performance do próprio Enrique Tenreiro, que cita um poema de Gustavo Adolfo Bécquer (“Eu sou ardente / Eu sou morena / Eu sou o símbolo da paixão”) com uma bandeira republicana espanhola por trás.

Mais à frente no vídeo, Enrique Tenreiro é interrompido e, de forma agressiva, vendado e atirado para  chão por uma mulher que lhe diz: “Artista! Tu és mas é um poeta de merda!”. Pouco depois, o seu homicídio é encenado e intercalado novamente com imagens da cerimónia fúnebre de Franco. O vídeo é pouco conhecido: à data que escrevemos este artigo, tem apenas 111 visualizações apesar de ter sido publicado há quase três anos.

Num vídeo disponibilizado no seu perfil de YouTube, o artista é filmado a caminhar no cemitério de San Amaro, na Corunha. No primeiro minuto, é filmado a urinar perto da entrada da capela daquele cemitério. Lá dentro, deposita flores nalgumas campas e presta homenagem ao escritor Luís Seoane.

Mais recentemente, na segunda-feira, Enrique Tenreiro publicou um vídeo no YouTube onde demonstra peças de uma exposição sua na galeria Artbys, na Corunha. No site oficial daquela galeria, podem ser vistos várias das suas esculturas à venda, com preços que vão desde os 750 aos 25 mil euros.

[Em atualização]