Ben van Beurden, o presidente da petrolífera Shell, pediu desculpa por a empresa ter sobrestimado as reservas da empresa em 20% em 2004: “Alguns executivos mentiram sobre as reservas que tínhamos, eram menos do que eles diziam. Percebemos o mal que fizemos. E percebemos que não estávamos a fazer o essencial bem. Porque a confiança é essencial e básica. Fizemos mal às pessoas e ao ambiente”.

O empresário atacou o elefante na sala durante a conferência que protagonizou no palco principal da Web Summit. E afirmou que a empresa teve de “pedir desculpa, aprender com os erros e remendar os estragos”, mas que ainda tem um longo caminho pela frente:

“Ainda estamos a digerir as lições de 2004. Continuamos a fazer erros e continuamos a ter de aprender”. Mas pediu que os consumidores confiassem nele: “Acho que toda a gente pode fazer mais para conquistar a confiança das outras pessoas. A minha empresa também”.

Os erros da Shell foram o assunto em que Ben van Beurden mais insistiu ao longo da intervenção de 20 minutos, principalmente no que toca aos problemas climáticos. O presidente admitiu que as empresas da indústria petrolífera são das maiores responsáveis pelas alterações climáticas à conta da exploração dos combustíveis fósseis, Mas também apontou o dedo ao consumidor.

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“Os nossos produtos são utilizados pela sociedade. Das cadeiras em que estão sentados aos vossos telefones, todos eles dependem de energia. Como a energia, os benefícios da tecnológicas são dados como garantidos. Não quer dizer que temos de nos apaixonar pelos nossos produtos. No meu sector temos de admitir que os nossos produtos produzem emissões de carbono poluentes. Temos de assumir isso”, afirmou.

Apesar do Mea culpa, Ben van Beurden também suavizou a posição das petrolíferas ao afirmar que a Shell “paga imenso em impostos e emprega inúmeras pessoas”. Contudo, reiterou: “Temos de fazer mais. Até 2030 vamos dar energia limpa em África e noutras regiões. E vamos fazer isso como um negócio. Só assim é que isto vai funcionar”. Depois, comparou a indústria do petróleo à das novas tecnologias:

“A resposta para resolver isto é funcionar responsavelmente e falar com a sociedade para melhorar o uso dos nosso produtos. No vosso caso, da indústria tecnológica, os problemas podem ser trolling ou abuso de dados. Mas a solução é a mesma. Falar com a sociedade”.

Ben van Beurdem disse estar empenhado em que a Shell corrija os erros que fez no passado: “Os erros são feitos. Mas também se reparam os erros que se causou. A nossa indústria foi sempre acusada de arrogância, da mesma maneira que indústria tecnológica o é. Ajam sempre com humildade”.

O presidente da Shell garantiu que a empresa quer “contribuir plenamente para o bem da sociedade “: “As pessoas não confiam naturalmente, por isso temos de mostrar o mais que conseguirmos que elas podem fazê-lo. Já não bastava publicar números e dizer que estamos a fazer o bem. É preciso realmente fazer o bem. A transparência dá às pessoas toda a informação que elas precisam para decidir o que a empresa está a fazer de certo e errado. Confiem em mim”, pediu.