O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta segunda-feira que o Estado francês quer garantir a estabilidade da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e que será “extremamente vigilante”, numa primeira reação à detenção do presidente daquele grupo automóvel por suspeitas de fraude fiscal. O Estado francês detém 15% do capital do fabricante automóvel Renault.

“O Estado, como acionista (da Renault), será extremamente vigilante à estabilidade da aliança e do grupo”, declarou o Presidente francês numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro belga, Charles Michel, em Bruxelas. Emmanuel Macron também prometeu cuidar dos interesses dos trabalhadores da Renault.

O ‘chairman’ (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi segunda-feira detido em Tóquio por suspeitas de evasão fiscal. “O Ministério Público de Tóquio deteve Ghosn por suspeita de violação da lei”, segundo avançou esta segunda-feira de manhã o canal de televisão público nipónico NHK e outros meios locais.

Em comunicado, o grupo Nissan confirmou o afastamento de funções do empresário franco-brasileiro e informou que uma investigação interna tinha sido conduzida nos últimos meses “sobre conduta imprópria” envolvendo Carlos Ghosn e Greg Kelly, outro alto dirigente do grupo automóvel.

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O mesmo comunicado referiu que a investigação mostrou que “durante muitos anos, tanto Ghosn, como Kelly, tinham registado valores de compensação, no relatório de valores mobiliários da Bolsa de Valores de Tóquio, que eram inferiores ao valor real”.

Estas suspeitas que recaem sobre Ghosn colocam uma série de questões sobre o futuro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (atual líder de vendas a nível mundial), processo que o próprio empresário franco-brasileiro liderou.

Além de presidente do grupo Nissan Motor, Ghosn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão. Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

Macron e Ghosn visitaram juntos uma fábrica da Renault no nordeste da França no início deste mês.