Um missionário norte-americano terá sido morto na Ilha Sentinela do Norte, na Índia, por uma das comunidades tribais mais isoladas do planeta. John Allen Chau tinha visitado a Índia com um visto de turista, mas as autoridades descobriram que contava ir às ilhas Andaman e Nicobar para converter a população ao cristianismo. A 15 de novembro, o jovem de 27 anos navegou até à Ilha Sentinela do Norte, onde vivem os sentineleses, um povo indígena extremamente agressivo e sem qualquer contacto com o mundo moderno. O mais provável é que tenha sido morto por eles, acredita a polícia.

Um amigo do norte-americano, um engenheiro eletrotécnico indiano, disse às autoridades que o missionário tinha pedido um barco e um grupo de pescadores que o pudesse levar até às ilhas na proximidade da Sentinela do Norte. Tanto esse amigo como os sete pescadores que levaram John Chau à ilha foram detidos.

De acordo com as descrições dos pescadores, o barco de madeira equipado com um motor parou a entre 500 e 700 metros da ilha. John Chau fez o resto do percurso a bordo de uma canoa enquanto os pescadores o esperavam no barco de madeira. Segundo as descrições deles, o missionário entrou na Ilha a 15 de novembro. No dia seguinte voltou ao barco com ferimentos de setas, mas quis voltar a encontrar-se com os sentineleses. No dia 17 já não voltou, mas os pescadores viram alguns membros da tribo a arrastarem-no ilha fora.

[Veja no vídeo quem são os sentineleses, a tribo isolada que John Chau quis conhecer]

Esta ilha indiana está protegida pela lei: ninguém se pode aproximar deste território a menos de cinco milhas. Essa regra foi estabelecida porque os sentineleses são muito agressivos, não querem receber visitantes e preferem continuar isolados. Em 2004, Depois do tsunami no Pacífico, foram enviados meios aéreos para sobrevoar a ilha e tentar perceber o impacto na Sentinela do Norte. Mas foram recebidos com lanças de fogo e pedras, levando por isso o governo a tomar a decisão de manter a ilha isolada conforme a vontade da população local.

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Uma ilha remota com um povo demasiado perigoso

Dois anos mais tarde, em 2006, alguns pescadores britânicos ilegais desafiaram a lei indiana e atravessaram o perímetro de segurança. Conseguiram mesmo alcançar a costa, mas terão sido mortos pelos habitantes. Ninguém, nem mesmo investigadores ou cientistas, foram alguma vez capazes de estudar os sentineleses: sabe-se apenas que andam nus e que usam armas de pedra e madeira, o que lhes valeu a alcunha de “povo da Idade da Pedra”. Os investigadores acreditam que são canibais porque usam ossos humanos como ornamento.

Outro grande motivo para que a Índia se tenha preocupado em protegê-los pela lei é que, por não terem qualquer contacto com o mundo moderno, os sentineleses não são imunes às doenças comuns e inofensivas dos povos mais evoluídos. Qualquer contacto com uma pessoa de outra comunidade pode ser fatal para o povo da Ilha Sentinela do Norte, que só tem 15 membros na atualidade.

Embora a morte de John Allen Chau nas mãos dos sentineleses ainda não tenha sido formalmente confirmada pela polícia, os amigos do missionário norte-americano já começaram a publicar mensagens de despedida nas redes sociais.  Mat Staver, fundador e presidente da Covenant Journey — um programa cristão que apresenta estudantes universitários a Israel — disse que John era “um mártir”: “Amava as pessoas e a Jesus. Estava disposto a dar a vida para compartilhar Jesus com o povo na ilha Sentinela Norte. Desde o secundário que John queria ir para Sentinela do Norte para compartilhar Jesus com este povo indígena”.