Rui Vitória ainda começou o encontro de fato completo mas durante a segunda parte a gravata já tinha saído. O Benfica arrancava esta noite para um ciclo muito importante da temporada – com decisões de relevo nas provas nacionais e europeias – frente ao adversário teoricamente mais acessível nesta caminhada mas o triunfo frente ao Arouca chegou apenas nos descontos e quando muitos (que hoje foram muito menos do que é habitual) já olhavam para o relógio para perceberem até que horas poderia haver prolongamento. No final, ouviram-se aplausos pela última imagem que ficou do decisivo golo de Rafa e alguns assobios por mais uma exibição abaixo do esperado. E o técnico encarnado não fugiu a esse mesmo descontentamento.

O fundamental é acreditar mas assim há cada vez menos quem acredite (a crónica do Benfica-Arouca)

“Estamos sempre à espera que os jogos se resolvam de outra forma. Este jogo complicou-se, o adversário também marcou na primeira vez que passou o meio-campo. Não tivemos a velocidade e determinação exigíveis. Não foi a exibição que queríamos mas atravessando uma fase como a que passámos, não se passa com um estalar de dedos mas com pequenos passos. Às vezes estas vitórias são importantes por isso”, começou por comentar o treinador das águias na zona da flash interview.

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Queremos sempre que o público esteja connosco. Às vezes não acontece mas isso não tira o nosso foco. Estiveram ligados ao jogo como nós. A insatisfação é compreensível mas também é importante sentirmos que há só um Benfica dentro e fora do campo”, destacou Rui Vitória.

Mais tarde, na conferência de imprensa, o técnico encarnado abordou também o impacto das alterações promovidas na equipa inicial diante do conjunto da Segunda Liga, ao mesmo tempo que explicou a ausência de Ferreyra, que não saiu do banco.

“Alguns dos jogadores lançados não têm tantas rotinas. O Krovinovic não jogava há nove ou dez meses, o Corchia também não tem sido opção, alguns chegaram das seleções e tivemos de gerir tudo isso. Em condições normais, com velocidade, ganhávamos este jogo de outra forma. As mudanças podem ter tirado rotinas. Vencemos, é o que mais importa”, salientou, prosseguindo: “O Ferreyra esteve indisposto nos últimos dois dias, com dificuldades para o jogo. Era para jogar mas entendi que não estava em condições para ser titular, devia ter entrado na segunda parte quando o ritmo da partida devia ser mais baixo. Mas conto com ele, obviamente. Só não jogou hoje por causa disso”.

“Vivemos num desporto de emoções. É natural que quem está na bancada sinta a emoção e queira que as coisas corram bem. Temos de aceitar isso. Queremos que o Benfica seja só um. Este tipo de jogos, com paragem e jogadores em seleções, é natural que sejam difíceis. Mas as pessoas têm direito a ter opiniões. Confiança para Munique? Não passamos para grandes exibições num estalar de dedos, tem de ser feito de uma forma gradual. A paragem não é agradável. Há jogadores que chegaram ontem, hoje, nem todos estão ainda disponíveis. Tínhamos série de condicionante, mas temos condições para fazer melhor. Importante era vencer e gradualmente ir melhorando”, concluiu Rui Vitória, projetando também o próximo encontro frente ao Bayern para o qual não se conhece ainda a disponibilidade de Grimaldo e Jonas, que saíram com queixas físicas.

De acrescentar que, num encontro marcado pela grande reação dos adeptos benfiquistas ao regresso de Krovinovic à ação, houve uma tarja que deu nas vistas no piso 0 do Estádio da Luz e que aludia a um treinador… que não Rui Vitória. “Benfiquistas, Jorge Jesus? Nunca mais”, lia-se na mensagem colocada perto da zona de aquecimento dos suplentes.