Com as suspeitas de envolvimento no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, Mohammed bin Salman está no centro das atenções na cimeira do G20, que se realiza esta sexta-feira em Buenos Aires, na Argentina. A especulação à volta de quem seriam os líderes que iriam cumprimentar o príncipe herdeiro da coroa — e quem o ia deixar de parte — foi muita, mas Vladimir Putin, de sorriso na cara, não hesitou e quebrou o gelo ao cumprimentar MbS de forma efusiva no início da reunião, com direito a uma pequena conversa. Podia ser um simples aperto de mão, mas teve um “high-five” e muitos sorrisos pelo meio.
O presidente da Rússia tem um interesse em comum com a Arábia Saudita: a queda do preço do petróleo, que preocupa os dois governos. Depois da reunião entre os dois líderes, que, entre os temas, teve o assassinato do jornalista morto no consulado saudita em Istambul, os dois continuavam bem dispostos. Já na hora de tirar a tradicional “fotografia de família”, o príncipe saudita ficou no último lugar da última fila, não querendo captar qualquer atenção. Segundo a agência Reuters, chegou até a abandonar o palco rapidamente, sem cumprimentar ou falar com os restantes lideres — que, aparentemente, também o tentaram evitar. Incluindo Donald Trump.
E não foi apenas Putin que quis discutir estes temas com bin Salman, que se tornou uma das figuras mais disputadas para encontros bilaterais na cimeira do G20. Theresa May, a primeira-ministra britânica, já anunciou que pretende levantar o tema do assassínio de Jamal Khashoggi no encontro com bin Salman. “Tenciono falar com o príncipe herdeiro da coroa da Arábia Saudita. A mensagem que passarei é muito clara (…) no tema de Jamal Khashoggi, mas também no do Iémen”, disse esta sexta-feira Theresa May. A líder do governo britânico pretende um esclarecimento cabal sobre o assassínio e também estar preocupada com a situação humanitária no Iémen, explicando que a solução de longo termo para este país “é uma questão política” e que encorajará todas as partes para encontrar essa solução.
O presidente francês, Emmanuel Macron, é outro dos líderes presentes na cimeira do G20 que leva na agenda o tema Khashoggi e já teve uma breve conversa com Mohammed bin Salman sobre esse assunto na quinta-feira, à chegada a Buenos Aires. Segundo o gabinete de Macron, o presidente francês transmitiu a bin Salman o desejo dos europeus de “associar especialistas internacionais à investigação” do assassínio do jornalista.
Também o presidente do Canadá, Justin Trudeau, prometeu levantar a questão do crime que vitimou Khashoggi, durante os dias da cimeira. Esta semana, o governo do Canadá impôs sanções a 17 sauditas suspeitos de envolvimento no assassínio, congelando os seus bens e impedindo a sua entrada no país.
Na agenda de reuniões bilaterais com bin Salman não está, contudo, o nome do Presidente dos EUA, Donald Trump, que esta semana repetiu não ter “provas concretas” da ligação de Mohammed bin Salman no assassínio e que continua a dizer que a Arábia Saudita é um importante aliado dos EUA. Trump diz que gostaria de reunir com bin Salman em Buenos Aires, mas confirmou que a reunião bilateral não fora marcada “por falta de tempo”.