O Bloco de Esquerda entregou esta sexta-feira o requerimento com a lista de personalidades que quer ouvir no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito ao assalto em Tancos. No total, são 23 nomes. Os ex-ministros da Defesa Azeredo Lopes e José Pedro Aguiar-Branco encabeçam a lista dos bloquistas, que é assinada pelo deputado João Vasconcelos, designado pelo partido para acompanhar os trabalhos desta comissão. Além destes nomes, o BE solicitou ainda a consulta dos documentos relativos ao assalto que estão na posse na Comissão Parlamentar de Defesa.

O nome de Azeredo Lopes não é propriamente uma surpresa. O mesmo não se pode dizer do ex-governante do PSD. Desde que foi anunciada a criação desta comissão que se levantou a dúvida sobre se algum partido iria pedir – ou não – a audição de Aguiar-Branco. O primeiro partido a entregar o requerimento com a solicitação das personalidades que pretende ouvir desfez o tabu, chamando o ex-ministro de Passos Coelho.

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Mas há mais nomes relevantes nesta lista e que são tidos como peças cruciais para compreender os contornos do furto do material militar da base militar de Tancos e da alegada encenação do seu reaparecimento. Desde logo, o General Rovisco Duarte, ex-Chefe do Estado-Maior do Exército que foi exonerado com a chegada de João Gomes Cravinho ao Ministério da Defesa – para substituir Azeredo Lopes. Os pouco mais de dois anos que passou no cargo foram marcados por polémicas, começando pelas duas mortes no 127º curso de Comandos em 2016 e culminando com o caso Tancos, que acabaria por ditar a sua saída. O Bloco de Esquerda optou por pedir ainda a audição do General Pina Monteiro, ex-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.

O tenente-general Antunes Calçada e o tenente-general António Menezes também fazem parte da lista bloquista. Ambos saíram em conflito com Rovisco Duarte na sequência da polémica relacionada com as mortes no 127º curso dos Comandos.

Outra peça-chave deste processo é o Major-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes que recebeu o memorando com as informações relativas ao alegado encobrimento do reaparecimento do material furtado em Tancos. Até hoje, não se sabe o que constava desse documento nem se essa informação chegou ao ex-ministro da Defesa. O BE incluiu o seu nome no requerimento.

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O Major Vasco Brazão, ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) e suspeito de encenar o encobrimento, e o Coronel Luís Vieira, o único militar preso no âmbito do processo judicial que investiga o caso Tancos, também foram chamados pelo Bloco de Esquerda.

O militar Bruno Ataíde e o Sargento Lima Santos, ambos da GNR de Loulé e arguidos no processo, são outros dois nomes constantes deste role. Assim como o Coronel Manuel Estalagem, responsável pela unidade da Polícia Judiciária Militar que investigava o furto a Tancos. No entanto, e ao contrário do ex-diretor da PJM, não foi constituído arguido.

De fora, fica o primeiro-ministro. Nenhum partido assumiu que iria pedir a audição de António Costa na Comissão de Inquérito, hipótese recusada, por exemplo, pelo líder do PSD. O CDS foi o que foi mais longe, admitindo essa possibilidade, embora não se tenha comprometido. Para acabar com as dúvidas, António Costa disse estar disponível para ser ouvido caso os partidos resolvessem chamá-lo. Para já, o Bloco de Esquerda não o fez.

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