O Governo de Macau anunciou esta quarta-feira que vai avançar com a classificação dos maiores estaleiros navais do território, que considera ser “um dos maiores legados do património industrial da construção naval da região do sul da China”.
“O projeto de regulamento administrativo propõe a classificação dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, em Coloane, como Sítio, a fixação da respetiva zona de proteção e dos respetivos métodos de conservação”, indicou o porta-voz do Governo, em conferência de imprensa. A zona de proteção abrange um espaço de 18.523 metros quadrados e não tem ainda um uso contemplado no regulamento, disse aos jornalistas a presidente substituta do Instituto Cultural.
Leong Wai Man, que se escusou a pronunciar-se sobre a possibilidade de o espaço poder vir a acolher investimento privado, nomeadamente do setor da hotelaria, limitou-se a afirmar que está prevista a sua ocupação “para mostrar técnicas de construção naval”.
Construídos a partir da década de 1950, os estaleiros “apresentam técnicas e métodos relacionados com a construção naval no final do século XX, revelando igualmente a organização e o modo de vida da comunidade da vila de Lai Chi Vun”, de acordo com as autoridades.
O mau estado de conservação e “risco para a segurança pública” daquele espaço parcialmente devoluto exigia uma ação urgente, segundo o Governo que, no espaço de pouco menos de um ano, iniciou e concluiu o procedimento de classificação.
Na consulta pública sobre os estaleiros, que decorreu entre 22 de janeiro e 23 de março, 80% dos participantes mostrou-se a favor da classificação do local e 90% a favor da revitalização. Atualmente, existem 12 estaleiros em Lai Chi Vun, de onde o último barco saiu há mais de uma década. Dois foram demolidos, em março de 2017, por “razões de segurança”, e um outro ficou destruído em agosto do mesmo ano durante a passagem do tufão Hato.