“Pegar o touro pelos cornos”, “matar dois coelhos de uma cajadada”. Expressões e ditados populares que a PETA (organização não governamental dedicada aos direitos dos animais) quer ver eliminados do uso corrente, por entender que se trata de “linguagem anti-animal”.
Numa publicação no Twitter, a organização começa por sublinhar que “as palavras importam” e que a linguagem “evolui à medida que evolui o nosso entendimento de justiça social”. A publicação tinha como intenção apresentar alguns exemplos de expressões usadas regularmente por todos e sensibilizar para a necessidade de darem lugar a outras mais conformes à tal “evolução do entendimento da justiça social”.
“Parem de usar linguagem anti-animal”, dita a PETA na imagem que partilhou na rede social com o que entende que devia passar a ser dito em vez das expressões usadas até aqui. Os ditados em inglês nem sempre têm correspondência em português, mas há dois exemplos que são próximos dos usados em Portugal.
Words matter, and as our understanding of social justice evolves, our language evolves along with it. Here’s how to remove speciesism from your daily conversations. pic.twitter.com/o67EbBA7H4
— PETA (@peta) December 4, 2018
O “matar dois pássaros com uma pedra” (a tradução literal da expressão inglesa) corresponde ao “matar dois coelhos com uma cajadada”. A organização sugere que se passe a dizer “alimentar dois pássaros com um scone”. E o famoso “agarrar o touro pelos cornos” passe a “pegar a flor pelos espinhos”.
Não é uma questão inteiramente nova e já atingiu outra frente tradicional além dos ditados populares. A canção infantil popular “Atirei o pau ao gato” foi tida como politicamente incorreta e logo apareceu uma versão mais amena para o animal: “Atirei o peixe ao gato, mas o gato não comeu”. O debate não tinha, no entanto, apenas uma preocupação com a violência animal, mas com a violência em si e também com linguagem potencialmente discriminatória. Outro êxito popular, o “Sebastião come tudo, tudo, tudo. Sebastião como tudo sem colher. Sebastião fica todo barrigudo. Chega a casa dá pancada na mulher”, era um dos exemplos negativos apontado.
Devemos censurar as canções infantis politicamente incorretas?