As partidas do FC Porto para encontros nas competições europeias fora de portas, no aeroporto Sá Carneiro, costumam ter um nome em especial como destaque: Jorge Nuno Pinto da Costa, decano presidente dos dragões. É um verdadeiro ídolo, até mais do que os próprios jogadores, por todo o percurso desde que chegou à liderança do clube em abril de 1982. Sérgio Conceição, uma espécie de filho pródigo que voltou a casa para devolver a mística a uma equipa que via o rival Benfica a somar conquistas atrás de conquistas, ganhou também um estatuto diferente. Mas há um elemento que consegue ser transversal em qualquer sítio ou contexto em que esteja inserido: Iker Casillas. Esta semana, não foi exceção.

O segredo para alcançar um feito é pensar logo no seguinte (a crónica do Galatasaray-FC Porto)

À partida para Istambul, o guarda-redes espanhol tinha à sua espera uma fã com um cartaz especialmente dedicado a si, com a frase “10.553 quilómetros para ver a tua grandeza Iker”. Mesmo aos 37 anos, ainda há gestos que conseguem mexer com aquele que já ganhou tudo o que havia para ganhar nos clubes e nas seleções. E o número 1 lá tirou uma fotografia com a adepta, de sorriso rasgado, realizado por perceber que os anos passam mas há um legado que promete ficar para sempre.

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Se a despedida em pleno Santiago Bernabéu entre muitas lágrimas à mistura depois de 25 anos ao serviço do Real Madrid (das equipas de formação ao conjunto principal) mostrou essa mesma grandeza, o trajeto no FC Porto, mesmo que apenas na última época com o tão desejado Campeonato, não ficará atrás em termos de respeito da massa adepta do clube pelo guardião. E a verdade é que a aposta do internacional espanhol campeão europeu e mundial, considerada por alguns um final de carreira antecipado, acabou por transformar-se numa segunda vida e com direito a recordes pessoais.

Já depois de se ter tornado o jogador com mais encontros realizados na Liga dos Campeões e o primeiro a alinhar na maior prova europeia de clubes durante 20 edições consecutivas, Casillas alcançou esta noite na Turquia, frente ao Galatasaray, o 100.º triunfo na Champions, feito até agora apenas alcançado por um jogador (e recentemente): Cristiano Ronaldo.

“É bom, bonito, mas deixa-me um pouco triste porque já são muitos anos a jogar esta competição [risos]. Esta é a competição mais importante de clubes e fico feliz por vivê-lo também no meu atual clube, porque são muitas experiências e vivências. Poder acompanhar isto com uma vitória é muito bom para mim e para o clube”, comentou o guarda-redes na zona de entrevistas rápidas, antes de abordar também aquela que foi a melhor prestação de sempre do FC Porto, igualando 1996/97.

“Temos de viver o momento atual, a Champions só volta no próximo ano. Conseguimos fazer uma classificação top mas agora temos de esperar para saber quem nos vai calhar no sorteio. Até fevereiro, não temos de pensar na Champions. A nossa preocupação agora passa pelo Campeonato e pelas duas taças”, sintetizou o espanhol.

“Sabíamos da entrada forte que o Galatasaray pretendia ter no jogo mas fomos construindo algumas situações em que podíamos ter feito golos. Acabámos por fazer dois golos que nascem de duas saídas nossas para o ataque. A acabar a primeira parte o penálti e o golo do Galatasaray deu-lhes uma vitamina extra. Já depois do 3-1 faltou discernimento e qualidade posicional à nossa equipa. Não podemos esquecer também que foi o primeiro jogo este ano que o Galatasaray perde em casa. Parabéns aos jogadores, foram fantásticos na atitude. Recordes de Casillas e Marega? Quando a equipa joga desta forma e tem esta atitude, vemos os números individuais sobressaírem. 12 vitórias seguidas? Significa que temos de ir à procura da 13.ª no sábado”, comentou Sérgio Conceição no final da partida, apontando já atenções à deslocação dos dragões aos Açores para defrontarem o Santa Clara.