O Canadá está a procurar cancelar um contrato de venda de armas à Arábia Saudita, disse o primeiro-ministro canadiano, que tem sido alvo de críticas da oposição e de ativistas de direitos humanos. Até agora, Justin Trudeau tinha afirmado ser “extremamente difícil” cancelar o contrato de 9,9 mil milhões de euros, assinado pelo Governo anterior, “sem ter que pagar penalizações exorbitantes”.

“Nós herdámos um contrato (…) assinado por Stephen Harper [ex-primeiro-ministro] para a exportação de veículos blindados ligeiros para a Arábia Saudita”, explicou Justin Trudeau, no domingo, numa entrevista à cadeia de televisão CTV. “Estamos a estudar as licenças de exportação para ver se é possível deixar de exportar esses veículos para a Arábia Saudita”, acrescentou, sem mais explicações.

No final de outubro, Trudeau afirmou que as multas financeiras excederiam mil milhões de dólares canadianos. Este contrato, concluído em 2014, envolve a venda de 928 veículos blindados, reduzidos para 742 no início do ano. Esta é a maior venda de armas da história do país.

Em 2017, Otava expressou preocupação sobre o possível uso destes veículos blindados em operações de aplicação da lei no leste da Arábia Saudita e no Iémen. Em outubro, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o seu país não permitia, no atual momento, a exportação de armas para a Arábia Saudita, dadas as dúvidas relativas ao homicídio do jornalista Jamal Khashoggi. “O assassínio de um jornalista é absolutamente inaceitável e é por isso que o Canadá está a exigir respostas a essa pergunta desde o começo”, acrescentou Trudeau.

As relações entre o Canadá e o reino da Arábia Saudita estão em crise nos últimos meses. Em agosto, Riade anunciou a expulsão do embaixador canadiano, chamou o representante diplomático do reino em Otava e congelou qualquer nova atividade comercial ou de investimento com o Canadá, depois da denúncia de Otava sobre a prisão de ativistas sauditas de direitos humanos.

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