A Marinha abriu um processo de averiguações ao ex-comandante do submarino Arpão Henriques Frade, exonerado em setembro, por ter enviado para publicação na Revista da Armada um artigo com “informações reservadas”.
De acordo com o porta-voz da Marinha, o ex-comandante do Arpão enviou para publicação na edição de dezembro da Revista da Armada um artigo contendo “matéria reservada, com elementos que não deviam lá estar”.
Segundo o comandante Fernando Fonseca, o processo de publicação na revista oficial da Marinha prevê que os artigos sejam apresentados à esquadrilha de superfície e ao Comando Naval “e só daí é que seguem para a Revista da Armada”, uma publicação oficial mensal com uma tiragem de quatro mil exemplares.
Quando terminou a missão em setembro, [o ex-comandante do submarino Arpão] fez um artigo e enviou-o para publicação sem passar pela triagem normal”, disse o comandante Fernando Fonseca.
Segundo o porta-voz da Marinha, a revista foi publicada em dezembro e a estrutura superior do ramo, ao tomar conhecimento do conteúdo, “mandou recolher os exemplares, mas não conseguiu recolher todos” e há ainda exemplares a circular, admitiu.
O processo de averiguações foi aberto “há algumas semanas” e poderá ou não dar origem a um processo disciplinar.
O comandante Fernando Fonseca recusou que o processo de averiguações se relacione com os motivos da exoneração do ex-comandante, cerca de um mês e meio antes de terminar a comissão de serviço, em setembro.
“Já tinha sido exonerado. Só tomámos conhecimento da situação [da publicação do artigo] depois da revista sair”, frisou.
O porta-voz da Marinha rejeitou que a direção da Revista da Armada tenha “alguma culpa” na publicação do artigo com “informações reservadas”, frisando que o “processo normal” é o autor dos artigos submetê-los à “triagem” superior antes de os enviar.
Segundo noticiou o DN no sábado passado, o comandante Henriques Frade foi exonerado em setembro, antes de completar a comissão. O mesmo jornal escreve que o “comandante tomou decisões operacionais cujas consequências teriam colocado em risco a segurança do submarino e dos seus 33 militares”.
Sobre a exoneração, o porta-voz da Marinha disse apenas que a decisão foi tomada pelo almirante chefe do Estado-Maior da Armada, Mendes Calado, “por questões de gestão administrativa”, sem adiantar os motivos que a fundamentaram.