“Quanto mais cedo ele se aproveitar disto, mais cedo terá uma reforma boa e sossegada numa bonita praia em vez de estar noutra área de praia como Guantánamo.” O recado foi dado por John Bolton, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, a Nicolás Maduro, que recusa reconhecer legitimidade ao autoproclamado Presidente interino Juan Guaidó — apoiado pelos Estados Unidos.
Esta foi uma das mensagens de pressão a Maduro que Bolton, conhecido pelas suas posições aguerridas em política internacional, deixou numa entrevista de rádio com o comentador conservador Hugh Hewitt, esta sexta-feira. Hewitt aproveitou a presença de Bolton para concretizar e questionar o conselheiro de forma direta: “Ceausescu e Mussolini acabaram mal. [O ex-Presidente do Uganda] Idi Amin e [o antigo chefe de Estado do Haiti] Baby Doc Duvalier não. É esta a escolha que Maduro tem pela frente, neste momento?” Em resposta, Bolton aproveitou para aprofundar a referência que já tinha feito num tweet a uma possível reforma dourada de Maduro numa praia, acrescentando desta vez a referência a Guantánamo — o local em Cuba onde os EUA têm uma prisão de alta segurança.
I wish Nicolas Maduro and his top advisors a long, quiet retirement, living on a nice beach somewhere far from Venezuela. They should take advantage of President Guaido’s amnesty and move on. The sooner the better.
— John Bolton (@AmbJohnBolton) January 31, 2019
A possibilidade de os Estados Unidos intervirem militarmente na Venezuela tem sido levantada ao longo das últimas semanas e Bolton recusou excluir por completo essa possibilidade: “Quando digo que todas as opções estão em cima da mesa, é isso que quero dizer. Penso que dizer mais do que isso seria imprudente, como diria George H. W. Bush [pai]”, afirmou o conselheiro de Donald Trump, que aconselhou Bush filho no passado em temas como a guerra no Iraque.
Hewitt aproveitou o momento para provocar o conselheiro: “É claro que isto é rádio e não conseguimos ver o que está escrito no seu caderno amarelo. Está aí escrito algo que gostasse de partilhar connosco?”, perguntou, referindo-se ao acontecimento do início da semana em que Bolton, após anunciar sanções à importação de petróleo da Venezuela, deixou ver o rabisco que tinha no seu caderno onde se podia ler “5000 tropas para a Colômbia”.
A especulação sobre uma possível intervenção militar dos Estados Unidos na região tem estado alta, mas os especialistas ouvidos pelo Observador afirmam que esse é um cenário “altamente improvável”. A verdade é que, na mesma entrevista, Bolton acabou por deixar claro que, para já, a estratégia dos norte-americanos passa por deixar Guaidó agir: “Não queremos dar a Maduro nenhuma base para o seu argumento de que ele é uma espécie de fantoche nosso”, reconheceu o conselheiro de Trump. “Ele é corajoso e independente e tem uma série de pessoas corajosas à sua volta. São eles que vão tomar de tomar decisões no terreno.”