O ex-cardeal norte americano Theodore McCarrick foi este sábado expulso da Igreja Católica depois de o Vaticano ter investigado as acusações de abuso sexual que recaíam sobre ele. As conclusões da investigação são claras: o também ex-arcebispo de Washington é culpado de ter abusado sexualmente de menores. A decisão da Santa Sé foi conhecida esta manhã.
Na condenação, pode ler-se que depois de terminado o processo canónico ficou provado que o clérigo de 88 anos praticou “pecados contra o sexto mandamento com menores e adultos, com o agravante de, para isso, ter recorrido ao abuso de poder”. McCarrick também foi declarado culpado por ter “assediado” pessoas durante o ato de confissão.
A decisão tomada pelo Vaticano não é passível de recurso. McCarrick foi tido, durante muito tempo, como uma voz católica proeminente em questões de políticas públicas e relações internacionais. Ao longo do exercício do seu sacerdócio, pertenceu sempre ao grupo dos católicos progressistas, tendo sido um protagonista ativo nas causas de justiça social.
O The New York Times considera esta decisão “o sinal mais sério até hoje de que o papa Francisco está de facto empenhado em enfrentar esta crise da Igreja Católica, relativa aos abusos sexuais nos Estados Unidos”.
Desde julho do ano passado, altura em que pediu a renúncia de todos os cargos que ainda desempenhava na hierarquia da igreja, que o ex-cardeal dos Estados Unidos tem estado em retiro, apesar de ter mantido os poderes sacerdotais. No entanto, com esta “laicização”, McCarrick ficará destituído de qualquer identidade sacerdotal e estará impedido de usufruir dos recursos da Igreja Católica, como a habitação ou ajudas financeiras.
Recorde-se que na próxima semana, entre 21 e 24 de fevereiro, o Papa Francisco reúne no Vaticano bispos de todo o mundo para debater os abusos sexuais na Igreja Católica. Um encontro histórico e inédito que está a ser aguardado com grande expectativa pela comunidade católica.