“Os CTT não prestaram informação enganosa e não mentem”, deixou claro o presidente executivo dos CTT durante a apresentação dos resultados anuais da empresa esta quarta-feira. Francisco Lacerda, justificou de imediato a diferente perspetiva que a empresa tem em relação ao regulador, a ANACOM, face ao número de queixas e pedidos de informação vindos dos clientes no último ano:

“Os CTT seguem a norma europeia, a mesma da ANACOM, que analisa de forma global todos os processos entrados. Processos entrados são as questões que os clientes põem, que podem ser de rápida e boa resolução, os chamados pedidos de informação, ou longos e de difícil resposta, que são as reclamações”. Francisco Lacerda acrescentou ainda que este processo de análise estatística não é novo, estando até presente em auditorias passadas.

ANACOM e CTT trocam acusações sobre divulgação de “informação enganosa”

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Outro dos pontos falados foi a falta de qualidade nos postos de correios subcontratados, que vieram substituir estações em alguns pontos do país. Questionado sobre o facto de haver pontos com falta de acessibilidade a pessoas de mobilidade reduzida. Lacerda admite que a situação “preocupa” mas assegura que se vai resolver, visto estarem a ser tomadas medidas nesse sentido”, apelando apenas à paciência por serem casos que “não se alteram de um dia para outro”.

Aliás, a qualidade dos serviços não mostrou ser uma grande preocupação para o presidente executivo, tendo em conta os vários reconhecimentos que a empresa recebeu em 2017, algo que pretende demonstrar quando chegarem os dados do último ano: “Os CTT tem uma qualidade de serviço que cumpre desde 2006 e 2018 não será exceção. Temos várias análises de entidades independentes sobre qualidade, mas hoje não tenho ainda dados concretos sobre 2018 para mostrar”.

Qualidade que, neste caso, não significa quantidade, já que Francisco de Lacerda confirmou a hipótese de serem encerrados mais postos de correios no próximo ano. “No ano passado fechámos 70 estações de correio, as chamadas lojas. Ainda este ano ou no próximo admitimos que possam vir a ser mais, mas não sabemos dizer quantas serão nem se fecharão lojas que sejam as únicas de certos municipios”, disse o gestor.

Para finalizar, Francisco de Lacerda abordou ainda o assunto do regresso dos CTT à esfera pública, dizendo estar tranquilo e apelando apenas a que se faça a separação daquilo que são “os argumentos ideológicos de cada partido e os argumentos objetivos para ajudar a empresa”.

Os CTT apresentaram na tarde desta quarta-feira os resultados financeiros do ano de 2018 em conferência de imprensa na sua sede, no Parque das Nações. Entre as várias análises económicas, destacou-se o recuo dos lucros em 28% face ao ano anterior, no valor de 19,6 milhões de euros, justificado “pelas indemnizações pagas por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo”. As receitas operacionais do grupo, em sentido contrário, cresceram 1,4%.

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