Na semana passada, Conan Osíris acabou em segundo lugar por causa de uma divergência de opiniões entre público e júri. Este sábado, a prejudicada foi Surma. A artista de Leiria recebeu a pontuação máxima atribuída pelo grupo de jurados do Festival da Canção de 2019 (12 pontos), mas teve direito a apenas 6 pontos dos telespectadores, num total de 18. Isso fez com que caísse na tabela de classificações e o veterano NBC, que interpretou “Igual a Ti”, assumisse o primeiro lugar, com 22 pontos.

Surma e NBC são dois dos quatro finalistas apurados este sábado para disputar a grande final de 2 de março. Além destes, foram também foram escolhidos Madrepaz (16 pontos) e Mariana Bragada (que conseguiu passar depois de ter estado empatada com Dan Riverman com 15 pontos), que vão juntar-se aos quatro intérpretes selecionados na semana passada. Ao todo serão oito os cantores que subirão ao palco da Portimão Arena, onde se decidirá quem representará Portugal na Eurovisão, que se realizará na cidade de Tel Aviv, em Israel.

Os quatro finalistas deste sábado são:

NBC

“Igual a Ti”

Timóteo Tiny Santos — é este o nome do homem por trás da sigla NBC. Este torreense começou a dar os primeiros passos no mundo da música num género totalmente distinto daquele que hoje fez dele finalista do Festival da Canção, o hip-hop. No início dos anos 90, quando este género musical ainda era estranho à grande maioria dos portugueses, NBC (a sigla remete a “Natural Black Colour”) e o seu irmão Black Mastah formaram um dos primeiros grupos nacionais de hip-hop e atuaram pela primeira vez em 1994 num concurso chamado Oeiras Rap 94. Foi desde então que este natural de São Tomé e Príncipe — veio para Portugal com a família quanto tinha 5 anos — se foi consolidando como um dos nomes mais respeitados do chamado “hip-hop tuga”, tendo trabalhado com nomes como Sam The Kid, Regula, Sir Scratch e muitos, muitos outros. Mais recentemente, NBC deu uma volta de 180º à sua orientação musical e o ritmo do hip-hop foi dando espaço à melodia da soul e R&B, estilos que tem vindo a assumir cada vez mais e que lhe assentam como uma luva: a sua voz forte e afinação segura foram uma revelação para aqueles que só o conheciam de boné com pala para trás e calças largas.

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Surma

“Pugna”

Surma é Débora Umbelino. Ou Débora Umbelino é Surma, a multi-instrumentista de Leiria que aos 17 anos veio estudar para o Hot Club, em Lisboa, e acabaria por pedir o nome emprestado a uma tribo de Etiópia, musicada com teclas, samplers, cordas, vozes e Loopstations. Antwerpen foi lançado em outubro de 2017 e não passou despercebido. 2018 arrancou com a presença no festival Eurosonic, seguindo-se NOS Alive, Paredes de Coura e South By Southwes. A NPR chamou-lhe uma “das melhores descobertas do ano”. Entretanto, o filme “Snu” vai chegar aos cinemas com banda sonora sua.

Madrepaz

“Mundo a Mudar”

Pedro da Rosa, Canina, Ricardo Amaral e João Barreiros (que trouxe os teclados e os sintetizadores) formam os Madrepaz, gente que se cruzou no Hot Club, que circulou por outras bandas (lembrai Os Golpes, a Armada ou os The Mighty Terns), e tem rodado por aí no segmento raro da “pop xamânica”, saída das andanças na Zibreira, freguesia de Torres Nova, desde 2015. O ano passado lançaram, Bonanza, o segundo álbum, e o sucessor de Panoramix.

Mariana Bragada

“Mar Doce”

É natural de Bragança e da colheita de 1997. Mariana Bragada é um daqueles casos de quem canta desde que tem memória. As primeiras canções são dos tempo dos seus 15 anos, quando começou a aprender guitarra. Estudou Design de Comunicação no Porto e lançou um EP para um projeto de faculdade. 2018 trouxe-lhe atuações no TedxPorto, no Festival Bons Sons, Um ao Molhe, SofarSounds Madrid, Porto e Coimbra. Ainda gravou para a A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria e adora improvisar melodias no Loopstation, que colocou de parte para o tema que compôs para o Festival da Canção, onde foi parar meio por acaso. Bragada participou na “Masterclass” da Antena 1, e foi através da estação de rádio que conseguiu entrar no concurso da RTP.

E os quatro finalistas apurados na semana passada:

Matay

“Perfeito”

Foi a primeira escolha do júri e a segunda do grande público. Eis Matay, ou Ruben Matay Leal de Sousa, 32 anos, o artista de origens angolanas e cabo-verdianas que apresentou “Perfeito”, uma composição da autoria de Tiago Machado, estudioso do piano e o mesmo autor de “Ó Gente da Minha Terra”, tema interpretado por Mariza. Influenciado por grande nomes do soul e pela força do gospel, ligado à pop, blues e jazz, o também animador sócio-cultural é a voz de êxitos como “O que tu Dás” e “Dizer que não”.

Conan Osíris

“Telemóveis”

Chama-se Tiago Miranda mas é como Conan Osíris que é conhecido. Compositor e produtor, Osíris nasceu em Lisboa e aprendeu música sozinho. Lançou o primeiro álbum, Música Normal, em 2016, mas foi Adoro Bolos que o atirou para as luzes da ribalta. Estreou-se na televisão no programa “5 Para a Meia-Noite” e nos palcos na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa. Foi convidado pela RTP para ser um dos compositores do Festival da Canção de 2019 e decidiu que seria ele a interpretar o tema “Telemóveis”. Apontado desde o início como um dos favoritos, Osíris está oficialmente na final.

Calema

“A Dois”

Os Calema são António e Fradique Ferreira, dois irmãos com cinco anos de diferença e o mesmo amor pela música. Começaram por cantar covers, conquistado os primeiros fãs em França. O primeiro álbum de originais, Bomu Kêlê, data de 2015. Dois anos depois, os Calema lançaram A Nossa Vez, cujo primeiro single alcançou 50 mil visualizações no Youtube no dia de lançamento. Esse sucesso repercutir-se em 2018, um ano atarefado para os dois irmãos com mais de 100 concertos dados em 12 países, como o Reino Unido ou o Luxemburgo. O ponto alto da digressão foi, contudo, em Lisboa, onde esgotaram o Coliseu dos Recreios.

Ana Cláudia

“Inércia”

Às vezes os primeiros são os últimos. Foi assim com Ana Cláudia, que subiu ao palco em primeiro lugar mas que acabou por ficar em último na pontuação. Licenciada em Jazz pela Escola Superior de Música de Lisboa, estreou-se na música com as Tucanas. Criado em 2005, este grupo de percussão e voz no feminino tem dois discos de originais: Maria Café, em 2008, e De Outono, em 2014. Este último levou-as ao Vodafone Mexefest. A música que Ana Cláudia interpretou nesta primeira semifinal, “Inércia”, foi composta pelos D’Alva.