Sem “soundbites”, com “resultados”. Pedro Marques nem percebeu bem porque é que foi chamado a discursar na celebração do quarto aniversário do jornal oficial do PS, mas a explicação é evidente: o PS não quer perder nenhuma oportunidade para puxar pelo seu cabeça de lista às europeias, e foi isso que António Costa fez esta terça-feira a propósito do aniversário do Ação Socialista ao elogiar o ex-ministro precisamente pelo facto de… ter sido ministro. Ou seja, a mensagem é a de que ao contrário dos restantes candidatos, o do PS sabe o que é fazer política direcionada para produzir “resultados concretos que afetam a vida das pessoas”.

“[Pedro Marques] é alguém que está na política para servir o país, para produzir resultados. Não tem andado na política a reproduzir soundbites, mas tem provas dadas na resolução de problemas concretos”, começou por dizer o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, sublinhando a “diferença” que isso faz para “aquelas que há dez anos estão no Parlamento Europeu sem que alguém lhes conheça um contributo útil para a resolução de problemas dos portugueses”.

Ou seja, Paulo Rangel, Nuno Melo, Marisa Matias e João Ferreira não só são cartas repetidas, como são figuras que nunca tiveram experiência governativa — e essa vai ser a mais-valia de Pedro Marques, até aqui ministro do Planeamento e Infraestruturas, e de Maria Manuel Leitão Marques, até aqui ministra da Presidência e da Modernização Administrativa. Tudo porque, disse Costa, o Parlamento Europeu não é um espaço de “militância” partidária, mas sim um espaço onde “se decidem coisas concretas que depois afetam a vida das pessoas no Estados-membros”, disse. Por isso, sublinhou, é preciso ter “poder efetivo para influenciar as decisões”. Ou, dito de outra maneira, não basta estar representado em “quantidade”, é preciso “qualidade”.

Essa vai ser a grande aposta do PS na campanha para as europeias de 26 de maio que, ainda sem lista oficialmente fechada, já parece ter começado. O mote, pelo menos, está lançado: replicar na Europa o que foi conseguido em Portugal nos últimos quatro anos de “geringonça”. “Queremos fazer na Europa o que António Costa e este governo fizeram aqui em Portugal: combinar emprego, investimento e redução da pobreza e das desigualdades com contas certas”, disse Pedro Marques na sua intervenção esta tarde no Largo do Rato.

Por isso, diz, não se vai importar se durante a campanha lhe fizerem (a ele ou à número dois, Maria Manuel Leitão Marques) perguntas sobre os resultados da ação governativa do “governo do qual fizemos parte”. “Porque queremos projetar esses valores para a Europa”, disse. Costa explicaria melhor logo de seguida: “Para qualquer indicador que olhemos verificamos que estamos melhor, por isso queremos um novo contrato social que permita que se faça na Europa a mudança que em Portugal já provámos que é possível fazer”.

Enquanto os “candidatos da direita são os mesmos que diziam que vinha aí o Diabo e um quarto resgate enquanto nós lutávamos por sair do procedimento por défices excessivos”, os candidatos do PS, segundo Pedro Marques, são precisamente os que estavam no governo a lutar por essa saída do procedimento por défices excessivos. Ou seja, uns falam, os outros fazem. Eis o lema que se segue.

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