Entre a colocação de uma casa à venda e a conclusão do negócio passavam, em média, 45 dias no ano passado. Esse era um registo historicamente baixo mas, segundo Ricardo Sousa, presidente da consultora imobiliária Century 21, a tendência já começou a inverter-se: “já estamos a aproximar-nos dos 90 dias. Em entrevista ao Negócios, Ricardo Sousa defende que isso mostra que “a oferta que está no mercado não está ajustada à procura e fica mais tempo em venda”.

O responsável indicou, também, que “aproximadamente 20% da procura que está no mercado desiste ou adia a sua decisão”. “Temos muita procura, mas o que acontece agora é que, parte dessa procura, está a desistir porque não tem capacidade económica ou rendimento disponível para acompanhar os preços que temos hoje no mercado”, salienta Ricardo Sousa, presidente da empresa que em setembro de 2018 até ia mais longe, no relatório “Observatório da Habitação”: dizia que quase um terço dos consumidores indicava que o valor da habitação não se ajustava ao seu orçamento e acabava por desistir da compra de uma habitação.

Mais do que a expectativa de que os preços subam ou desçam, hoje há dois tipos de oferta. Há uma oferta onde de facto há um valor acrescentado, por exemplo um imóvel que foi reabilitado, tem o valor correspondente ao que está a ser pedido. Depois há o efeito perverso que hoje temos que são os particulares de casas usadas que criaram expectativa de valor com base em transações que ouviram falar ou de imóveis que souberam que foram transacionados mas que são em zonas diferentes e que têm características diferente.

Na entrevista ao Negócios, Ricardo Sousa defende que já se nota uma “estabilização” dos preços em Lisboa, Porto e várias zonas no Algarve. Mas, por outro lado, nas zonas periféricas está a haver aceleração porque estas zonas “saíram mais tarde da crise e entraram em recuperação mais tarde, mas também porque estão a ter um aumento de procura por parte de toda aquela população que não consegue acompanhar os preços no centro das principais cidades”.

“Lisboa voltará a ter um milhão de pessoas a viver no centro”, antecipa a consultora JLL

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