A eletricidade foi restabelecida em algumas zonas de Caracas na madrugada deste sábado, relatou este sábado a agência espanhola EFE, indicando, porém, que alguns bairros da capital venezuelana e mais de metade do país continuam sem energia há 40 horas.
A Venezuela depara-se desde quinta-feira com um “apagão”.
A EFE está a noticiar que a eletricidade foi restabelecida este sábado de madrugada em algumas zonas do leste e oeste de Caracas, relatando que nessas áreas os semáforos foram reativados e algumas lojas estão abertas.
Ainda encerrado continua o metro de Caracas, o meio de transporte diário de centenas de milhares de pessoas. O metro irá permanecer encerrado até à normalização dos serviços de eletricidade.
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As comunicações fixas e móveis continuam afetadas e só é possível fazer chamadas de curta distância após várias tentativas.
Este restabelecimento de energia está circunscrito apenas a algumas zonas da capital venezuelana, porque segundo a EFE, que cita vários testemunhos, outros bairros de Caracas e vários dos 23 Estados do país continuam sem energia há 40 horas seguidas.
Às 14h00 (hora de Lisboa) deste sábado, o “apagão” cumpriu 40 horas seguidas nos Estados de Trujillo, Zulia, Táchira, Anzoátegui, Merida, Lara e Monagas, de acordo com as autoridades regionais e os meios de comunicação locais.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não fez declarações públicas desde o início do “apagão”, mas tem publicado várias mensagens na rede social Twitter a responsabilizar os Estados Unidos pelo corte de energia.
“O império dos Estados Unidos, uma vez mais, subestima a consciência e a determinação do povo venezuelano. Garanto-vos que cada tentativa de agressão imperial vai encontrar uma resposta contundente das patriotas e dos patriotas que amam e defendem com coragem, a nossa pátria”, escreveu este sábado o líder venezuelano.
O Governo de Maduro assegura que o corte de energia foi provocado por “um ato de sabotagem” na principal central hidroelétrica do país, controlada pelo Estado, apontando responsabilidades à oposição venezuelana.
Embora este “apagão” seja o mais longo e o mais abrangente, a Venezuela tem um historial de falhas de energia, muitas das quais se prolongaram por mais de 24 horas em várias regiões, especialmente em Zulia (oeste, na fronteira com a Colômbia).
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Este “apagão” surge em plena crise política na Venezuela, que se agravou no passado dia 23 de janeiro, quando o líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.
Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.