O número de mortes provocadas pela passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique subiu para 73 e milhares precisam de ajuda humanitária, de acordo com o mais recente balanço das autoridades. A prioridade “é resgatar as pessoas que estão por cima das árvores, por cima das casas” nas zonas alagadas que cobrem quase toda a região, disse hoje Rita Almeida, dirigente do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), à televisão estatal.
Rita Almeida referiu que o socorro prestado pelo INGC e parceiros, como as agências das Nações Unidas, tem sido limitado devido à destruição das vias de acesso e falta de redes de comunicações. “Vamos ter muita dificuldade em fazer movimentação da assistência”, reconheceu.
As equipas montaram 28 centros de acolhimento na cidade da Beira e Dondo, as zonas mais afetadas, onde milhares de pessoas têm procurado abrigo e comida. A reportagem do canal privado STV ouviu desalojados num centro de apoio que se queixam de fome devido à falta de alimentos, depois de terem perdido os campos de cultivo e de ficarem sem o que tinham armazenado em casa.
A contabilidade oficial do INGC registava hoje 68 mortes na província de Sofala, cinco em Manica e centenas de feridos. As autoridades alertam para o agravamento das cheias nos próximos dias devido à continuação de chuvas fortes, à saturação dos solos e às descargas de barragens.
A cidade da Beira, capital provincial de Sofala e uma das principais do país, está parcialmente destruída, continua sem eletricidade e comunicações e está desde sábado isolada por terra devido ao corte de vários troços da estrada nacional 6, alguns dos quais arrastados pelas correntes.
A via é a espinha dorsal do centro de Moçambique e liga o porto da Beira aos países do centro da África Austral, nomeadamente ao Zimbábue.
Toda a zona urbana tem sinais de destruição causada pelo vento e chuva forte e as forças de defesa e segurança tem estado a trabalhar na desobstrução de vias.