As alterações no preço dos passes sociais e o estado do Serviço Nacional de Saúde dominaram o espaço de comentário político de Luís Marques Mendes este domingo à noite, no Jornal da Noite da SIC. “Há uma redução brutal do preço dos passes sociais e acho que isto vai ter um impacto político e social enorme”, considerou o ex-líder do PSD, que foi mais longe, classificando a medida de uma “bomba eleitoral”.
Num primeiro momento desta intervenção, Marques Mendes realçou o cariz mais prático e imediato das decisões que entrarão já em vigor no mês de abril: a poupança para o bolso dos portugueses. De forma resumida, nenhum utilizador normal pagará mais de 40€ pelo passe, idosos nunca mais de 20€ (“e estuda-se a hipótese de, mais para a frente, crianças até aos 12 anos estarem isentas”, antecipou o comentador). Desta medida resultará uma maior utilização dos transportes, afirma Marques Mendes, e isso implica uma nova questão: “Existem transportes em qualidade e quantidade suficiente?”
Mais que isso, porém, o comentador destaca que esta alteração nos preços é mesmo “a medida mais eleitoralista dos últimos 25 anos”, principalmente porque entra em vigor “a dois meses das europeias e seis das legislativas”. “É uma medida justa, necessária mas com um eleitoralismo à solta brutal”, completa.
O fator “eleitoralismo” voltou a enquadrar-se no comentário de Luís Marques Mendes quando surgiu como tema o chamado “roteiro da saúde” que António Costa tem realizado nos últimos tempos, uma sucessão fora do normal de inaugurações de unidades de saúde. Marques Mendes desvalorizou todo a celeuma que até levou a ameaças de queixa junto da Comissão Nacional de Eleições — “toda a gente está a fazer campanha eleitoral” — e recentrou o debate nos problemas sérios que assolam a saúde em Portugal. “Está-se a matar o SNS” principalmente porque falta “investimento em recursos humanos”.
Apontando a mira a Mário Centeno, que “tem muitos méritos”, o comentador diz que a opção de manter as cativações na Saúde está “a matar, a pouco e pouco, o SNS”. A gravidade do assunto é tal que Marques Mendes até apelou para que no final do período eleitoral, governo e oposição se “entendessem” sobre o assunto. “O SNS é a maior conquista do 25 de abril, a seguir à liberdade. É um dos dois instrumentos principais para combater a desigualdade social, juntamente com a escola pública.”
Houve ainda um pequeno comentário sobre os comentários de Catarina Martins a António Costa — acusou-o de estar a agir da mesma forma que Passos Coelho — que, para ele, são a prova de que o Bloco de Esquerda é “um aliado de conveniência”, que “critica e apoia quando lhe convém”. Realidades como esta fazem ganhar força a ideia de que exista no futuro um governo PS/BE — “Nem pensar! Nunca!”