Roger Waters usou as contas de Instagram e de Facebook para contar aos fãs que enviou “uma carta pessoal ao jovem e talentoso cantor português” Conan Osiris, pedindo-lhe que opte por “erguer a voz pela vida e contra a morte” — não comparecendo no Festival da Eurovisão em Israel.
Apesar de o o cantor português ainda não lhe ter respondido, o ex-vocalista dos Pink Floy pede-lhe para ser “o” finalista que fará a diferença — “que tem amor suficiente no coração para se erguer” e que “será lembrado por se ter colocado do lado certo da história, o do amor, da paz verdadeira e da justiça”.
Conan Osiris. Quem é o músico que ganhou o Festival da Canção?
Sobre a canção com que Conan Osris vai representar Portugal na Eurovisão, “Telemóveis”, Roger Waters diz que tem uma tradução da letra e que esta fala da utilização do telemóvel para fazer perguntas sobre a vida, morte e amor. “Isto é bastante profundo”, escreveu.
“Na minha carta, expliquei que a Eurovisão poderia ser um ponto de viragem, pedi a Conan que se levantasse e fizesse a diferença. Infelizmente, até agora, não há resposta de Conan”, lê-se na publicação.
Num vídeo que se dirige aos 42 finalistas da Eurovisão, Roger Waters pede a Conan Osiris que seja ele a dar o exemplo aos restantes, “recusando-se a atuar diante uma uma audiência segregada em Telavive”.
O músico e ativista britânico acrescenta: “Fontes em quem confio dizem-me que o jovem Conan tem sido pessoalmente abordado e persuadido pela organização Creative Community for Peace (CCfP) para ir à final. Ahhhh! E para quem não sabe, a CCfP tem sido exposta por ser cúmplice do governo israelita de extrema-direita e apoiar organizações de propaganda como a “Stand With Us” ou a “The Israel Emergency Fund”.
Roger Waters termina a carta escrevendo: “Sê esta pessoa, Conan. Faz isto. Com amor, Roger”.
Mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo portugueses, têm apelado a um boicote ao Festival Eurovisão da Canção 2019, que vai decorrer em Israel.
O músico e o compositor José Mário Branco, o cantor Francisco Fanhais, o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, a escritora e artista de teatro Patrícia Portela, o músico Chullage, o realizador António-Pedro Vasconcelos e o escritor José Luís Peixoto subscreveram uma carta que é assinada por cerca de 140 cantores, músicos, atores e escritores de vários países, onde se argumenta que não deverão existir relações próximas com o Estado israelita, até que os palestinianos tenham “liberdade, justiça e igualdade de direitos”.
O apelo ao boicote começou em junho do ano passado, com diversas organizações culturais palestinianas a afirmarem que “o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos crimes de guerra contra os palestinianos”.
Artistas de todo o mundo apelam ao boicote da Eurovisão em Israel