A Navigator negou esta terça-feira que a Portucel tenha dívidas para com empresas de capitais sul-africanos zimbabueanos, ou outras, após as acusações de um consórcio que se diz credor, e admitiu recorrer a tribunal para defender o seu bom nome.
Em causa a notícia também esta terça-feira divulgada pela Lusa, que dá conta da intenção de um consórcio de empresas que se diz credora da Portucel Moçambique em avançar com um processo-crime em Portugal contra o grupo The Navigator Company, detentor da sociedade florestal, por prejuízos de mais de 50 milhões de dólares (cerca de 44 milhões de euros) naquele país.
A Portucel Moçambique não tem quaisquer dívidas para com estas empresas de capitais sul-africanos e zimbabueanos, nem para quaisquer outras entidades”, assegurou a Navigator em respostas enviadas à Lusa.
Em entrevista à agência Lusa, o empresário Izak Holtzhausen, presidente da empresa que detinha 80% dos serviços de florestação da Portucel Moçambique na província da Zambézia, a SMOPS – Sociedade Moçambicana de Consultoria e Prestação de Serviços, acusou o grupo The Navigator de incumprimento de contratos, pagamentos em atraso e danos causados durante a prestação de serviços de silvicultura à Portucel Moçambique.
O grupo Navigator rejeita tais acusações, afirmando não reconhecer “nenhumas” dívidas e que “todas as faturas emitidas” pelas empresas que se dizem credoras da Portucel Moçambique “foram em devido tempo” pagas, “não havendo uma única fatura” em dívida.
A Navigator nega, assim, ter dívidas à SMOPS, ou a quaisquer outras empresas de capitais sul-africanos zimbabueanos, e admite recorrer aos tribunais: “A Portucel Moçambique e a The Navigator Company não deixarão também de recorrer a todos os mecanismos judiciais ao seu dispor para fazer valer a sua razão e o seu bom nome contra quaisquer acusações caluniosas que tenham sido ou venham a ser feitas”.
Segundo a empresa, “a atuação da Portucel Moçambique — à semelhança das normas de boa governação da sua casa-mãe, a The Navigator Company, uma empresa cotada em bolsa e com diversas certificações e distinções internacionais — tem-se pautado sempre pelos valores do rigor, da transparência e do trabalho em cooperação com todos os parceiros, tendo a mesma sempre cumprido com todas as suas obrigações sem exceção e respeitado integralmente toda a legislação em vigor nos países onde opera”.
Segundo o grupo, o projeto inicialmente apresentado ao governo de Moçambique, em 2009, previa investir 200 milhões de dólares (aproximadamente 176 milhões de euros) na plantação de 120 mil hectares de floresta e 2,1 mil milhões de euros numa fábrica de pasta “que não se previa estar operacional em 2019”, tendo sido até agora investidos 100 milhões de euros na florestação de 13 mil hectares e criação de um viveiro para produzir 12 milhões de plantas por ano.
Em face da constatação da falta de soluções logísticas para o projeto, em julho de 2018 acordou-se com o governo a revisão do projeto para — numa primeira fase — investir numa fábrica de estilha de 140 milhões de euros que necessitará de cerca de 40 mil hectares de floresta”, afirma o grupo Navigator, especificando que só vai seguir com o projeto inicial de construção de uma fábrica de pasta se aquele investimento avançar.