Cerca de 380 operacionais com mais de uma centena de viaturas combatiam na madrugada de quarta-feira um incêndio florestal que deflagrou pelas 3h30 de terça-feira na freguesia de Pinheiro da Bemposta, concelho de Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro. O incêndio chegou a ter quatro fontes ativas e uma delas esteve descontrolada, ameaçando as casas perto da zona. O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis disse que o incêndio foi intensificado pelos ventos fortes e exigiria particular atenção às povoações durante a noite.
O incêndio foi dado como dominado às 23:00, revelou fonte do comando das operações. “O fogo já está dominado e temos agora 100% do perímetro do incêndio controlado, já em fase de rescaldo”, declarou à agência Lusa o 2.º comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis, Fernando Maciel.
Depois de um atenuar da situação a meio da manhã de terça-feira, quando o fogo chegou a ter apenas uma frente ativa, os reacendimentos verificados entretanto voltaram a implicar o combate às chamas em quatro faces. O fogo chegou a ser combatido por 459 bombeiros e 136 meios terrestres.
“Estamos com um problema muito sério para resolver porque o incêndio ficou com uma nova frente, em resultado dos ventos muitos fortes e da propagação para poente, e o fogo está a atingir uma dimensão muito grande, muito intensa, com os meios aéreos a concentrarem-se neste local”, declarou à Lusa o presidente da autarquia e responsável pelo serviço local de Proteção Civil, Joaquim Jorge Ferreira, a meio da tarde.
O fogo consomiu área florestal do Pinheiro da Bemposta, de Palmaz e de Travanca, e o segundo-comandante do CDOS de Aveiro admitiu que se podia alastrar a outras freguesias. Os ventos fortes que se faziam sentir na região podem ter contribuido para o agravamento da situação.
O autarca disse que não havia “pessoas em risco”, com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Aveiro a confirmar que só foi evacuada uma habitação isolada destinada a armazenamento de alfaias agrícola. Admite, no entanto, que a defesa da população irá implicar “atenção redobrada durante a noite, na tentativa de se antecipar a orientação do fogo e procurar garantir que ele não evolui para zonas habitadas”. Referindo que “continuam a chegar ao local diversos meios” de combate ao fogo, Joaquim Jorge Ferreira acrescenta: “Isto ainda está para durar”.
Governo declara situação de alerta até domingo
Os ministros da Administração Interna e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural assinaram esta terça-feira o despacho que determina a declaração da situação de alerta face ao agravamento do risco de incêndio florestal no país e às previsões meteorológicas para os próximos dias.
Face às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para um significativo agravamento do risco de incêndio florestal no território do Continente, e considerando a decisão da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que determinou a passagem do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais ao Estado de Alerta Especial Amarelo em todos os distritos, os Ministros da Administração Interna e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural assinaram hoje o Despacho que determina a Declaração da Situação de Alerta”, referiu o MAI em comunicado.
A situação de alerta vai abranger todos os distritos do Continente entre as 00h00 desta quarta-feira, dia 27, e as 23h59 de domingo, dia 31 de março, e vai implementar as seguintes medidas:
- “Elevação do grau de prontidão e resposta operacional por parte da GNR e da PSP, com reforço de meios para operações de vigilância, fiscalização, patrulhamentos dissuasores de comportamentos de risco e de apoio geral às operações de proteção e socorro que possam vir a ser desencadeadas;
- Proibição da realização de queimadas, de queimas de sobrantes de explorações agrícolas e florestais e de ações de gestão de combustível com recurso à utilização de fogo;
- Dispensa dos trabalhadores dos setores público e privado que desempenhem cumulativamente as funções de bombeiro voluntário, nos termos do artigo 26.º do Decreto-Lei n.º 241/2007″.
Na segunda-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) emitiu um aviso à população sobre o perigo de incêndio rural, devido à manutenção de temperaturas acima do habitual para a época e “acentuado aumento da intensidade do vento”.
A ANPC avisa que o cenário meteorológico “traduz-se num aumento dos índices de risco de incêndio até quarta-feira, com condições favoráveis à rápida propagação de incêndios em todo o território continental”, com níveis de risco elevado e muito elevado.
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a temperatura máxima está acima dos valores normais para a época do ano, com valores entre 25ºC e 28ºC nas regiões centro e sul e entre 20ºC e 25ºC na região norte. Está previsto igualmente um aumento da velocidade do vento, do quadrante de leste, com rajadas até 40 km/h e rajadas até 65 km/h no litoral a norte do Cabo Mondego durante a noite e manhã de terça-feira, e no Algarve a partir do fim da tarde.
Face a estas previsões, a ANPC lembra que a queima de matos cortados e amontoados e de qualquer tipo de sobrantes de exploração está sujeita a autorização da autarquia local, devendo esta definir o acompanhamento necessário para a sua concretização, tendo em conta o risco do período e zona em causa.
A ANPC recomenda também a “adequação dos comportamentos e atitudes face à situação de perigo de incêndio rural, nomeadamente através da adoção das necessárias medidas de prevenção e precaução, na utilização do fogo em espaços rurais”. Segundo IPMA, o concelho de São Brás de Alportel, no distrito de Faro, apresenta esta terça-feira risco máximo de incêndio e outros 22 estão em risco muito elevado.