Imagine que dedica tempo a trabalhar numa obra de arte e, um dia depois de ela ser inaugurada, é destruída pelo público. Parece um cenário surreal, mas aconteceu no museu Louvre, em França, aquando da celebração do 30º aniversário da famosa pirâmide de vidro do museu no sábado. O artista francês, JR (Jean Rene), criou, com a ajuda de 400 voluntários, uma colagem com dois mil pedaços de papel que provocava uma ilusão de ótica. No entanto, assim que foi aberto ao público no sábado, dia 29 de março, o trabalho começou a perder a sua forma e foi deixado em pedaços, devolvendo o local à sua aparência normal no domingo, um dia depois da inauguração.

Fotografia tirada depois da inauguração da obra. (Thierry LeFouille/SIPA)

O artista reagiu ao acontecimento em tom de brincadeira através do Twitter, escrevendo: “As imagens, como a vida, são efémeras. Uma vez colada, a obra de arte vive sozinha. O sol seca a cola leve e a cada passo as pessoas rasgam pedaços do papel frágil. O processo é todo sobre a participação de voluntários, visitantes e caçadores de lembranças.”

No vídeo abaixo, pode ver-se algumas imagens do processo de construção da obra:

O próprio Louvre emitiu um comunicado sobre o sucedido, no qual esclarece, de acordo com a notícia do The Independent: “É bastante normal que tenha sido destruído, nós só não sabíamos o quão rápido isso iria acontecer. O calor fez a cola secar. Esperava-se que, de qualquer maneira, o trabalho já tivesse desaparecido na segunda-feira, por isso está tudo bem.”

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Apesar da naturalidade com que o museu e o artista olharam para a rápida destruição da obra, um dos voluntários contou ao The Huffington Post que o propósito não era que isso acontecesse num tão curto espaço de tempo e que o que mais se temia eram os danos que pudessem ser causados pela chuva e não pelo público.

Entretanto, nas redes sociais, o acontecimento já foi criticado por algumas pessoas, como foi o caso do jornalista Kevin Lheritier, que disse que o trabalho acabou por resultar num “desastre ecológico”:

No Twitter, o artista revelou que dedicou este trabalho à sua amiga Agnès Varda, que morreu a 29 de março, e com quem trabalhou no documentário de 2017, “Faces Places”. No tweet pode ler-se: “Tenho a certeza de que consegues ver. Eu fiz algo que pudesse ser visto do céu. Juro que não sabia que seria para ti”.