Desde que a família Symington chegou a Portugal, em 1882, nunca se viu tal coisa. Aquela que foi a vindima mais precoce de que há memória em 137 anos enquanto produtores permitiu à Symington anunciar a primeira declaração Vintage consecutiva — depois de o ter feito em 2016, o grupo repete o feito em 2017.

O que é um Porto Vintage?

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Segundo o IVDP, o Porto Vintage é “produzido a partir de uvas de um único ano e engarrafado dois a três anos após a vindima”, evoluindo gradualmente durante 10 a 50 anos em garrafa.

“O encanto do Porto Vintage reside no facto de ser atrativo em praticamente todas as fases da sua vida em garrafa. (…) À medida que o vinho se aproxima da maturidade, a cor evolui para os tons âmbar ricos e a sua fruta adquire maior subtileza e complexidade e o seu depósito torna-se mais pesado”, lê-se ainda no site do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.

Anunciar o ano de 2017 como Porto Vintage é encerrar um “período de intenso debate dentro do setor sobre se 2017 justificaria uma plena declaração”, depois de 2016 ter corrido tão bem, assegura a família Symington em comunicado. Uma decisão que, ainda assim, não foi tomada de ânimo leve. Os vinhos de 2017 — que representam a sexta declaração Vintage do século XXI para a família produtora do Douro — são produto de um ano muito quente e seco que deu origem a bagos compactos e “produções entre as mais baixas deste século”, isto é, 20% inferiores à média da última década.

As condições particulares de 2017 são até equiparadas ao que a família Symington chama de “ano incontornável de 1945”, o mesmo que o Instituto do Vinho do Douro e Porto assegura ter dado origem ao “primeiro Vintage do pós-guerra” (da Segunda Guerra Mundial, entenda-se) — à data, quase todas as empresas do sector fizeram a respetiva declaração, com os vinhos a resultarem de um ano seco e de um verão “muito quente”, apenas com “algumas chuvas em finais de agosto”.

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2017 e 1945 tiveram ambos ciclos de crescimento adiantados, com muito pouca chuva, mas com temperaturas de verão menos extremas a mitigar a seca. As vindimas nos dois anos foram igualmente muito adiantadas, caracterizadas por produções muito baixas, mas com uvas em excelentes condições”, lê-se no comunicado de imprensa já citado.

Os Portos Vintage 2017 da Symington foram feitos a partir das suas principais quintas do Douro e em breve estarão no mercado quantidades limitadas de Graham’s, Dow’s, Warre’s e Quinta do Vesúvio, e ainda Graham’s “Stone Terraces” e Capela da Quinta do Vesúvio (2017 representa a quarta edição destes dois últimos vinhos).

A declaração de Vintage por uma empresa é “antecedida da aprovação deste vinho pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto”, esclarece o mesmo ao Observador. “Mesmo num ano não declarado como Vintage é possível encontrarmos vinhos desta categoria especial. A declaração de ano Vintage é uma das iniciativas da Confraria do Vinho do Porto, que ocorre sempre que mais de metade das empresas de Vinho do Porto declare Vintage, anunciando assim a sua intenção de comercializar o Vinho do Porto, de uma só colheita, de excecional qualidade. O primeiro Vintage Confraria declarado foi o de 1982.”

Os Symington, de ascendência escocesa, inglesa e portuguesa, são um dos principais produtores de vinho do Porto, sendo que a família detém 26 quintas com 2.240 hectares (dos quais 1.024 de vinha; 112 delas têm certificação biológica). Ligada há cinco gerações à produção de vinho, atualmente 10 membros da família trabalham nas suas quatro casas de Porto (Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e Warre’s) e nos projetos de vinho do Douro (incluindo a Quinta do Vesúvio) debaixo do chapéu Symington Family Estates.

Quinta do Noval e Quinta da Romaneira também declaram Vintage 2017

A Quinta do Noval anunciou, também esta terça-feira, a declaração do Quinta do Noval Vintage 2017 e do Quinta do Noval Nacional Vintage 2017. Em comunicado de imprensa, Christian Seely, diretor-geral, assegura que fazer a declaração foi “simples”: “Na Quinta do Noval não hesitamos em fazer pequenas declarações de Porto Vintage, mesmo em anos em que não há declaração geral, desde que a qualidade seja excelente”.

A Quinta do Noval, juntamente com a Symington, é das primeiras produtoras a anunciar vinhos do Porto Vintage 2017, um ano tido como “excecional” e que para Christian Seely ficará “para a história como uma das grandes declarações” deste produtor em particular. Os vinhos, lê-se ainda no respetivo comunicado de imprensa, distinguem-se por “uma madurez exuberante, muita intensidade aromática, fruta profunda e taninos fortes e aveludados”.

A este produtor junta-se ainda a Quinta da Romaneira, também com Christian Seely como administrador, que declarou já na tarde de terça-feira o Vinho do Porto Vintage 2017.

(artigo atualizado às 16h03)