O discurso do secretário-geral do PS, António Costa, no 46.º aniversário do seu partido, foi esta segunda-feira interrompido pela inesperada intervenção de um grupo de jovens que protesta contra o novo aeroporto no Montijo.
De forma inesperada, quatro jovens aproximaram-se do palco dos oradores, na antiga Feira Internacional de Lisboa (FIL), e lançaram aviões de papel, mostrando também um cartaz onde se podia ler “Mais aviões só a brincar”.
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“Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as futuras gerações nada têm para celebrar”, escreveram num comunicado os mesmos membros do grupo de jovens. Em menos de meio minuto, os jovens foram retirados do palco e António Costa prosseguiu o seu discurso.
“Fomos apelar ao primeiro-ministro para dizer a verdade às pessoas”
Ao Observador, um dos participantes no protesto relatou o que se passou, garantindo que entraram “pacificamente” e “com todo o respeito por todas as pessoas que lá estavam”:
O que fizemos foi no contexto da rebelião internacional Extinction Rebellion. Tem havido em vários pontos do mundo ações todos os dias desde a semana passada — em defesa do planeta Terra e da nossa existência e da existência de outros no planeta”, referiu o jovem.
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O intuito do protesto era “apelar ao primeiro-ministro para dizer a verdade às pessoas sobre o impacto do acordo que ele próprio assinou com a multinacional Vinci para a construção de um novo aeroporto em Lisboa e para a ampliação do aeroporto da Portela. O aeroporto do Montijo vai ser construído no Estuário do Tejo, em plena reserva natural. Vão fazê-lo antes de haver estudos de impacto ambiental”, apontou.
Não vou dar detalhes sobre como decorreu. Entrámos e fizemos uma ação absolutamente pacífica, confraternizámos e tentámos passar a mensagem para todos os que lá estavam e para os filhos das pessoas presentes. Estavam lá muitos jovens”, referiu o participante, que preferiu manter o anonimato dos quatro jovens envolvidos na ação de protesto.
O Extinction Rebellion é um movimento de ativismo ecológico internacional que defende as ações de desobediência civil pacíficas como estratégia para sensibilizar os responsáveis políticos para a emergência e gravidade da crise ambiental atual. Em Londres, cidade na qual o protestou mobilizou mais ativistas, foram detidas mais de mil pessoas durante uma semana de acampamentos e bloqueio de estradas, pontes e praças centrais da cidade.
Em Portugal, o movimento originou na última semana nove iniciativas de protesto, entre as quais invasões pacíficas à CMTV e EDP, bloqueio da entrada da refinaria da Galp e várias ações de rua.