“Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para ao pé do Salazar“. Este cântico foi entoado na quinta-feira pelo grupo do Bloco de Esquerda que desfilou na Avenida da Liberdade, em Lisboa, para assinalar o 25 de abril de 1974. De megafone em punho, a deputada Mariana Mortágua ia coordenando a festa dos bloquistas. Na linha da frente do grupo, a segurar as faixas que anunciavam a presença do partido, estavam figuras de relevo do BE, como a deputada Joana Mortágua, a líder Catarina Martins ou a eurodeputada Marisa Matias, que iam repetindo as palavras de Mariana Mortágua.
O momento foi captado em vídeo e divulgado nas redes sociais ainda na noite de quinta-feira e rapidamente gerou críticas dos internautas, que acusaram o Bloco de Esquerda de estar a pedir a morte do Presidente do Brasil. Inicialmente foi o próprio partido, através do Twitter do Esquerda.net, que partilhou o vídeo, para momentos mais tarde o retirar. Mas a internet não esqueceu e o vídeo voltou a ser publicado quer no Youtube quer no Twitter, por diversos blogs.
O caso foi ganhando pujança e o ex-dirigente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes, através da sua conta de Twitter, chegou mesmo a reagir, classificando o momento como “um claro sinal de extremismo“. “O dia da Liberdade não se celebra assim”, declarou ainda.
desejar ou apelar ou cantar pela morte de adversários, por mais execráveis que estes sejam, é um claro sinal de extremismo, de apego ao autoritarismo, de predisposição totalitária. o dia da liberdade não se celebra assim.
— Adolfo M N (@Adolfo_MN) April 25, 2019
No entanto, o momento registado no vídeo não foi o único em que o cântico foi entoado. O Observador acompanhou o desfile do Bloco de Esquerda e testemunhou que, por diversas vezes, Mariana Mortágua foi apelando a que se repetisse o cântico, com resposta imediata das principais figuras do partido que desciam a avenida lisboeta.
Foram várias as vezes, e em momentos alternados, que o grupo do BE entoou o polémico cântico, tendo sido mesmo um dos mais repetidos ao longo de todo o desfile.
Em declarações ao Observador, uma fonte oficial do Bloco de Esquerda explica que “a referência é evidentemente simbólica: Bolsonaro e as suas políticas contra os direitos humanos devem passar ao passado”. Sobre o facto de o vídeo ter sido apagado das redes do partido, a mesma fonte esclarece que, “no momento em que o vídeo começou a ser pretexto para animar as redes da extrema-direita, foi apagado”.