A petrolífera britânica BP anunciou esta sexta-feira uma contribuição de um milhão de euros para a organização não-governamental Halo Trust continuar a remover minas terrestres em Angola.
O financiamento de 1,2 milhões de dólares (1,08 milhões de euros) vai ser investido para limpar uma área equivalente a 40 campos de futebol na província costeira de Benguela através de um projeto criado para empregar e capacitar mulheres locais neste tipo de trabalho.
A iniciativa vai permitir o recrutamento de duas equipas de mulheres com perspetivas de emprego reduzidas para que conquistem independência financeira e desenvolvam competências, nomeadamente em logística, informática e gestão financeira, ajudando também as respetivas famílias.
Uma das participantes neste programa, Inês Chipuco, citada num comunicado, disse considerar importante “que as mulheres limpem as minas terrestres em Angola porque salvam as vidas das pessoas e dos animais”.
“No futuro, se os campos forem livres, podemos construir estradas e escolas aqui. O que eu ganho sustenta toda a minha família e posso comprar as coisas que meu filho precisa”, vincou.
O donativo foi feito pela BP Angola, que tem interesse em quatro blocos offshore no país e que nos últimos 15 anos contribuiu com 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para apoiar as comunidades locais e iniciativas sociais.
“O programa e o financiamento vão permitir a limpeza segura de terras que são atualmente um perigo para as comunidades próximas, evitando que as pessoas sejam feridas e permitindo que essas terras sejam usadas de maneira produtiva e desfrutada”, justificou o presidente regional da BP Angola, Stephen Willis.
Segundo a HALO Trust, continuam por reabilitar mais de 1.000 campos minados em Angola, apesar de desde 1994 ter desminado mais de 850 terrenos e removido 95.000 minas terrestres em todo o país.
O diretor do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) angolano disse na quarta-feira que Angola “limpou” mais de 2.000 campos de minas desde 2002, quando acabou a guerra civil, estando ainda identificados outros mil, razão pela qual o Landmine Monitor ainda classifica como “grave” a situação.
Citado pela imprensa angolana, o brigadeiro José Domingos de Oliveira adiantou que, só em 2018, as minas provocaram 28 acidentes, que causaram a morte a 19 pessoas, oito delas crianças, e ferimentos, alguns deles graves, noutras 45, um terço delas, 30, também crianças.
O Landmine Monitor coloca ainda Angola no grupo de países com a classificação “grave”, devido ao elevado número de campos minados, fruto da guerra civil (1975/2002), mantendo-se entre os cerca de 11 países com maior área contaminada.
Em abril de 2018, Angola reportou um total de 147,6 quilómetros quadrados de áreas minadas – 89,3 quilómetros quadrados de áreas perigosas confirmadas e 58,3 quilómetros quadrados de áreas suspeitas perigosas, indica o relatório.
A 20 de novembro de 2018, após a divulgação, em Genebra, de um relatório do Landmine Monitor, Angola pediu uma extensão do prazo até janeiro de 2026 para eliminar 1.465 áreas minadas, totalizando 221,4 quilómetros quadrados.