O vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, admite  a convocação de uma nova greve, caso não haja acordo com a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM). Numa entrevista esta segunda-feira, à TVI 24, o advogado e vice-presidente disse que irá “ponderar as formas de luta ou reivindicação”. Entre elas, uma nova greve que poderá, novamente, parar o país.

Vamos ponderar as formas de luta ou reivindicação que possamos ter. Entre elas, sim, existe a possibilidade de voltar a fazer pré aviso de greve”, disse Pedro Pardal Henriques.

O sindicato vai voltar a reunir-se esta terça-feira com a ANTRAM, depois de uma primeira ronda de negociações (sem acordo), no final do mês de abril. À data, Pedro Pardal Henriques deixou no ar a ameaça de uma nova greve. Esta segunda-feira, na véspera da segunda reunião com os patrões, o sindicato volta a falar numa paralisação. O advogado alertou que essa possibilidade depende de como correr a reunião e não quer que essa “responsabilidade” seja colocada “só” no sindicato.

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Deixando claro que “a greve é a uma última instância”, Pedro Pardal Henriques deixou também claro qual é a sua posição nas negociações desta terça-feira: “A única coisa que esta em cima da mesa, para evitar outras formas de luta, são os 1200 euros de salário base”.

Estas pessoas estão a manifestar-se por algum motivo: porque estão insatisfeitas. Há mais de 20 anos que a vida deste trabalhadores tem vindo a degradar-se. Estão no limite das suas forças, trabalham muitas horas por dia — muito acima daquilo que é legal — e não são remuneradas por isso. Aquilo que pedimos é para mudar esta situação”, explicou.

Pedro Pardal Henriques revelou que o sindicato tem “mais de 50 processos em tribunal” de motoristas que trabalharam mais horas seguidas do que o permitido por eli. “Temos ações em tribunal com 22 horas de trabalho ininterruptas”, exemplificou. “Efetivamente, quando digo que existe uma carga horária que é muito, muito acima daquilo que são os limites legais, nos não estamos a inventar”, disse ainda.

Questionado sobre como se sente um homem que consegue parar o país em 24 horas, o vice-presidente do sindicato disse: “Não sinto nada de especial”. Pedro Pardal Henriques explicou que se sente a “defender uma causa” como defende “todas as outras causas” que têm. “Estou a usar os instrumentos que tenho à disposição para poder lutar por estas causas. Entre elas, é uma greve. Não queremos criar pânico ou calamidade“.

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